Nem velhas glórias nem jovens promessas

Há dias, na Feria de Teatro de Castilla y León que teve lugar em Ciudad Rodrigo, assisti a um espectáculo muito impactante, pelo humor intenso e pela abertura de janelas de reflexão. A companhia de teatro valenciana “La Teta Calva” ofereceu-nos 100 minutos de pura diversão e reflexão. O espectáculo “Tributo” fala-nos de uma banda rock que “Están en mitad de la nada. Encerrados en su local con el ruido de la ciudad bien lejos y con el suyo bien cerca. Nadie los escucha. Insonorizados, rodeados de hueveras, para no molestar, para que no los molesten. Para gritar en un estertor mudo. Ni viejas glorias ni jóvenes promesas. Así son Los Osamenta. Una banda de rock en horas bajas que tienen la oportunidad de volver a estar en la pomada. Los han vuelto a llamar para tocar en un festival importante. Esta es la historia de una canción, la misma canción de siempre. Un local de ensayo es como la sala de neonatos donde nacen esos seres frágiles que cuando cruzan el umbral están expuestos. Expuestos al público, a las mareas, a las críticas, al fracaso, al olvido. Lucho y Víctor, dos rockeros que compran camisetas de Nirvana hechas por Inditex, repasan su repertorio, su legado. Vuelven al ruedo para hacerse un homenaje, un tributo.”

Os dois músicos da banda “Los Osamenta” permitem-nos assistir a um ensaio aberto. A história que nos contam agarra-nos do princípio ao fim, sem nos desprendermos de gargalhadas constantes.

Porém, o “quadro” da banda rock com intérpretes de meia-idade que já não têm a energia de outros tempos, pode aplicar-se a qualquer situação, carreira ou profissão de todos os que, tendo passado os quarenta, já não são jovens promessas mas ainda não são velhas glórias. Todos os que se conseguem rever nesse espelho, estão ali, num intervalo do quase nada, no meio da ponte, enfrentando os desafios da idade, do aparecimento das rugas, da falta de energia e até de graça. A vida segue e “the show must go on”. Os sonhos não podem acabar e a estrada é para continuar. Então, só temos que aceitar e reinventar o que for preciso para que o nosso interior não se encha de escuridão. Todas as idades devem ser vividas na plenitude apesar de todas as circunstâncias. O tempo faz o seu caminho. E nós fazemos o nosso! Não somos velhas glórias nem jovens promessas. Somos nós por inteiro.