Sempre gostei de contemplar a montanha, sentir-lhe o cheiro e mergulhar nas suas cores sempre em mudança e transformação. Por estes dias de inverno a serrania tem mergulhado a espaços pelo nevoeiro próprio desta estação que se faz acompanhar de muita chuva e dias cinzentos.
O nevoeiro tem um encanto especial. Não nos deixa ver tudo. Não precisamos de ver tudo. Temos apenas que sentir. Avançamos no caminho de forma mais pausa, tal como faz o marinheiro que durante o nevoeiro rema mais devagar para levar a sua barca em segurança até ao cais.
A “nebula” não deixa penetrar a luz, isolando-nos nos passos que dermos. Avançamos mais devagar e com mais cautelas. Confiamos em todos os que nos acompanham na demanda. Sabemos que o nevoeiro se dissipa com o tempo. Quando não vemos quase nada temos que confiar ainda mais.
É preciso seguir o caminho e atravessar aquela pequena ponte que se eleva sobre a ribeira que escorre do alto e de forma potente e ruidosa. Vivemos agora no denso nevoeiro que é preciso furar. E como nos diz o belíssimo poema do jornalista e escritor Torquato da Luz,
“(…) é preciso espreitar além do escuro
é preciso ser forte e ser inteiro
é preciso ter crença no futuro.
É preciso tentar chegar primeiro
é preciso ser livre e ser seguro
é preciso ver longe e ser certeiro
é preciso arriscar saltar o muro.
É preciso ser lúcido e sonhar
é preciso ter asas e voar.
Os poetas sabem colar as palavras onde elas devem estar para que possamos beber delas e matar a sede que nos chega durante a caminhada. Seguimos pela nebula porque queremos chegar e continuar a sonhar. Sim, precisamos de continuar e, sobretudo, romper esse nevoeiro. É também por isso que presto ainda mais atenção às palavras da missionária e escritora belga, Elisabeth Eliot, que nos disse, entre muitas outras coisas, o seguinte:
“O hoje é meu. O amanhã não é da minha conta. Se eu insistir em tentar olhar pelo nevoeiro do futuro, vou estragar meus olhos espirituais e isso impedirá que eu veja claramente o que é exigido de mim agora.”
O nevoeiro do agora e o do futuro serão dissipados pelo tempo. Cada coisa no seu lugar. Entre romper o nevoeiro e esperar que ele se dissipe com o tempo há sempre espaço para refletir e contemplar tudo o que não vemos e também para sentirmos a confiança recíproca daqueles que sempre caminharam ao nosso lado.
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