Há dias, o meu olhar poisou num pequeno texto de Masaharu Taniguchi (séc.s XIX e XX), líder espiritual japonês e fundador da religião “Seicho-No-le” que significa “Casa do Crescimento” que, entre muitas outras coisas, me fez reflectir, mais uma vez, sobre a velocidade alucinante que imprimimos às nossas vidas, gastando-as num fogacho! Masaharu Taniguchi diz-nos que não precisamos de “ter pressa. A impaciência acelera o envelhecimento, eleva a pressão arterial e apressa a morte. Tudo chega a seu tempo. Não se pode colher nada antes que amadureça. A fruta colhida verde é azeda ou amarga e não faz bem à saúde.
Quando alguém tenta realizar algo antes do momento propício, com certeza provoca uma situação incómoda e acaba prejudicando a si próprio ou a outras pessoas.” Somos apressados. Temos pressa sem sabermos muito bem porquê. Corremos desenfreadamente o dia todo e por vezes a noite. Não paramos para reflectir nem para contemplar nada. Não aproveitamos a nossa companhia nem a dos outros. Queremos fazer tudo e mais alguma coisa, apressadamente. Não deixamos fluir.
Não deixamos que o cosmos nos abrace e nos diga coisas. Como diz o provérbio luso “não é por muito madrugar que amanhece mais cedo.” Mas julgamos que sim. Madrugamos sem dormir nas horas de pensamentos sem fim. A manhã acontece quando tem que acontecer. No seu ponto. No seu momento exacto. A natureza está certa. Nós é que andamos sempre trocados e trocamos tudo à nossa volta, até a natureza. Temos que parar para a escutar e interpretar.
Se nos alinharmos com ela seremos muito mais felizes na exacta medida em que teremos muito mais tempo, para nós e para os outros. A nossa impaciência tem que ser combatida para não gerar envelhecimento e apressar a morte como diz Taniguchi. O tempo tem que correr no seu tempo. Deixemo-lo fluir aproveitando e apreciando a sua beleza, mesmo nas horas mais difíceis. O futuro que nos causa tanta angústia não é hoje, é amanhã e depois de amanhã. É preciso que aconteça também no seu tempo. Vivemos no agora e é nele que temos que viver sem pressa. O futuro que espere pelo seu próprio espaço temporal.
No seu momento exacto. A este propósito e como nos disse o historiador José Hermano Saraiva, “aconteça o que acontecer, continuará a haver noites de luar, Serra de Sintra e as águas do Tejo continuarão a correr para o mar.” Estamos a chegar ao final do ano. Ao encerramento de um ciclo, de um tempo próprio. Altura propícia a resoluções e a outras tantas cogitações. Talvez a melhor delas, segundo o poeta e filósofo Henry David Thoreau (séc. XIX), seja a seguinte: “nada é tão útil ao homem como a resolução de não ter pressa.” Aproveitemos este tempo do Natal para nos embalarmos no encanto de não vivermos apressadamente, aproveitando cada momento e cada circunstância desta vida que nos foi dada.
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