O cântora é uma peça de cerâmica extraordinária. Acompanha a humanidade há séculos. Faz parte desta nossa caminhada comum através dos tempos. É um objeto utilitário mas que encerra em si uma enorme densidade espiritual. No cântaro guardamos a água de que necessitamos para matar a nossa sede. A água é fonte de vida. É pureza e renovação. Um cântaro com água é um porto seguro. Sabemos que a água está ali, armazenada, segura e fresca, para quando tivermos sede. Esta peça moldada pelas mãos do homem alcançou um lugar de destaque na narrativa bíblica, sendo ponto de partida para, de forma metaforica, explicar caminhos, sentidos e propósitos de vida. Se pensarmos num cântaro como elemento essencial para o armazenamento da água, como acontecia na antiguidade, percebemos a dependência que temos dele sempre que quisermos matar a sede. Nesse contexto, se nos deslocarmos temos que levar o cântaro connosco, apesar de sabermos que ele é pesado, sobretudo quando está cheio da água. O peso do cântaro atrasa-nós na viagem. Temos que ir mais devagar. Mas se quisermos ter água, nomeadamente se atravessarmos desertos, temos que o levar connosco mesmo que isso signifique fazer algum sacrifício ou seguir de forma mais lenta no caminho. Na nossa vida moderna também temos os nossos cântaros de água ; são as nossas dependências em relação a todas as seguranças que precisamos ter. Mas são essas seguranças que nos aprisionam e nos fazem caminhar mais devagar. Se tivermos sede sabemos que o cântaro está ali. Mas se tivermos sede de outra natureza e quisermos ir mais além ou andar mais depressa temos que abandonar o cântaro, confiando que encontraremos água mais à frente. A água contida no nosso cântaro é muito importante. Mata-nos a sede. Mas também nos aprisiona. Nós, acima de tudo, somos água. E quando quisermos ser rio ou mesmo um mar não podemos ficar acantonados. Temos que partir o cântaro para que a água possa fluir em direção à liberdade, juntando-se ao rio e ao mar, para fazer acontecer a vida em todo o seu esplendor. Partir o cântaro será sempre uma escolha entre o porto seguro e o risco da inquietação da liberdade que nos dá a felicidade de que temos sede.
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