Sábado, 20 de abril de 2024
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Os pilares da consistência
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Os pilares da consistência

Actualizado 16/01/2022 09:11
Miguel Nascimento

A consistência é o estado de resistência de um corpo. É algo sólido, coeso.É firmeza e dureza. É também, no pensamento do filósofo Jeremy Bentham, “a mais rara de todas as qualidades humanas.” Vivemos numa sociedade gelatinosa e em verdadeiro estado líquido que resvala para qualquer espaço que se encontre livre. As circunstâncias ditam os cursos dos rios e de todas as outras águas que escorrem pelas telhas. Há poucos diques de sustentabilidade a que nos possamos agarrar em caso de levadas mais fortes. Há, portanto, pouca consistência. A volatilidade impera numa geografia ausente de compromissos. Cada um safa-se por onde pode e como pode. O que agora é verdade será mentira umas horas depois se isso for mais conveniente para fotografarmos a paisagem que entretanto mudou. Há cada vez mais especialistas desta arte gelatinosa e, por oposição, cada vez menos gente consistente. Também por isso as lideranças das instituições e disto e daquilo são cada vez menos marcantes e inspiradoras. Para elas o futuro é sempre um lugar distante. O que interessa é o agora e o lugar à frente do outro. Neste contexto terão mais sucesso os que forem mais gelatinosos, flexíveis e adaptáveis. É precisamente essa ausência de valores e de compromissos que leva ao surgimento dos invertebrados lambe-cus desta vida, quais genuflexores em permanência. No meio do caos que estes movimentos vertiginosos provocam procura-se, por vezes, a consistência que possa inspirar na obtenção de resultados sustentáveis. Mas ela esfuma-se no horizonte como a esperança daqueles que ainda acreditam que a humanidade é mais do que uma competição selvagem num ringue coberto de gelatina de mil sabores e cores. Nesta desordem tudo escorrega no plano inclinado da frieza em que os nossos corações se vão transformando. Desde que se chegue mais à frente interessa pouco o caminho penoso dos que sofrem e que os nossos olhos ignoram por não quererem saber da realidade. Precisamos de mais consistência e de gente mais firme e determinada que inspire e que mobilize. Não nos podemos matar uns aos outros por um prato de lentilhas. No meio de tudo isto há valores para preservar e vidas para acarinhar. Há compromissos a estabelecer e fortalecer. Há combates a travar em nome de todos para que ninguém fique colocado ao chão a escorregar na gelatina pegajosa que fomos tecendo por onde fomos passando. A luz da esperança reclama mais consistência nas coisas e sobretudo nas mulheres e homens que desenharão um futuro mais leal que assente em pilares de compromissos selados com a palavra e com um forte aperto de mão.

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