O tempo fossiliza as nossas rotinas. Torna-as densas e pesadas. Confere-lhes o estatuto de insuportáveis! Quando as rotinas, preciosamente por serem demasiado rotineiras, se enrolam a nós com demasiada intensidade sentimo-nos sufocados. reclamamos liberdade e uma mudança de cenário. Nesses momentos de cansaço desejamos contrariar o fio dos dias que correm. Dispomo-nos a fazer coisas diferentes, a sair da nossa zona de conforto, lançando-nos ao caminho para propositadamente nos perdermos. Mergulhamos então nos prazeres infinitos da desregulação do tempo sem horas. Perdemo-nos com vontade nas incertezas para nos voltarmos a encontrar mais tarde, libertos de todas as rotinas que anteriormente nos sufocavam e tolhiam os movimentos. De vez em quando temos que partir para essas pequenas aventuras quebrando as regras que definimos para nós. Só assim nos sentiremos livres para voltarmos a fazer o que precisamos de fazer para alimentarmos as rotinas que conferem sentido à nossa vida. Este é quase sempre o nosso sentimento antes e depois das férias ou depois de uma alteração aventureira ao que está rigidamente estabelecido. Porém, como sabemos, também nos fazem falta as rotinas que nos preenchem e conferem conforto à viagem. Há tempos e momentos rotineiros que são impagáveis como, por exemplo, o sabor do café que se toma a caminho do trabalho no bar do nosso bairro. Ali, entre aromas fortes e imagens estabilizadas, encontramos as personagens de sempre que nos dizem coisas tão banais quanto extraordinárias. Quando essa rotina nos falta, sentimos saudade. Quando alguém que faz parte do quadro rotineiro parte para a viagem sem regresso sentimos que a imagem fica desfocada. A saudade alimenta-nos o desejo do regresso à rotina impossível de repetir porque vão faltando peças à engrenagem. A saudade dessa rotina vai aumentando. Mas com imagens cada vez mais desfocadas só através do exercício da memória vamos mantendo viva uma rotina que amávamos e não sabíamos até a termos perdido.
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