Sempre gostei das manhãs. Elas são sempre, como nos disse Fernando Pessoa, o início de qualquer coisa. Ao contemplar a minha própria manhã, com uma chávena de café quente na mão, espero que ela seja o início do fim desta coisa pandémica que se abateu sobre nós. O nevoeiro, na narrativa do poeta intemporal da nossa portugalidade, significa que o desejado virá "encoberto" para que, quando isso acontecer, ninguém perceba o que aconteceu. Os portugueses acreditam sempre nos regresso das figuras desejadas, como D.Sebastião, para que é retomem o comando do nosso destino colectivo. O sebastianismo e a saudade atravessam-nas a alma. Somos assim, feitos de esperança entre regressos nas manhãs de nevoeiro. Por isso, fitamos o que está encoberto para que dali possa sair a solução para os nossos problemas, individuais ou coletivos, mesmo que não consigamos apreender verdadeiramente o que dali sairá, justamente porque está dissimulado. E por vezes, mesmo que nos aconteça qualquer solução "salvífica", não detectamos como aconteceu. Percebemos apenas os seus efeitos. Hoje, nesta manhã nevoeiro que o sol quer romper, também estou assim. Não preciso perceber. Não quero perceber. Quero apenas acreditar que aos poucos as coisas se vão resolvendo para voltarmos a saborear o doce sabor da liberdade qual patamar de felicidade em que beijamos e abraçamos sem travôes que diminuam a velocidade. Se todos acreditarmos; se todos fizermos por isso; talvez chegue (rapidamente) esse dia sebastiânico que numa manhã de nevoeiro consagre o princípio do novo tempo que há muito desejamos. Nesse dia, encoberto ou não, só espero e desejo que todos tenhamos aprendido alguma coisa com a nossa navegação neste mar tão revolto de dificuldades que ainda estamos a atravessar. Sim, voltaremos a acreditar em todos os regressos feitos de coisas boas. Mas acreditaremos juntos, com mais coesão, humanismo e solidariedade.
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