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ENOVAR A ESPERANÇA
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ENOVAR A ESPERANÇA

Actualizado 28/12/2014
Miguel Nascimiento

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Nestes últimos dias que nos separam do fim do ano somos convocados para uma reflexão interior. Olhamos para trás e percorremos dos dias de 2014 à procura de um balanço. Cada um tem a sua gradação de acontecimentos entre o positivo e o negativo. Julgo que uns de forma mais explícita e verdadeiramente assumida e outros talvez de forma mais inconsciente fazem uma avaliação sobre este tempo que passou. E nas doze baladas que aí vêm preparamo-nos para olhar mais para o futuro e menos para o passado. Depositamos as nossas expectativas não dias que virão e não nos que passaram porque esses já não podem fazer nada por nós. Na passagem para o ano novo desenhamos objectivos de vida, formulamos desejos e renovamos a esperança. Os balanços são sempre necessários e profícuos. Acontecem nas nossas vidas, nas empresas, nas instituições e em todas as plataformas onde o ser humano toca. Às vezes este exercício deixa-nos deprimidos porque afinal os objectivos e os sonhos projectados não se cumpriram ou apenas conseguimos alcançar uma pequena parte. As dificuldades económicas e financeiras têm deitado muitos sonhos por terra e destruído muitas vidas.

A austeridade que estes tempos duros têm vindo a impor aos cidadãos da Europa do sul tem provocado uma enorme devastação social! Levará muito tempo até que se registem sinais efectivos de verdadeira recuperação económica que por sua vez deixe respirar economias como a portuguesa e a espanhola. Estes tempos têm sido verdadeiramente difíceis! Por isso, neste tempo de passagem as pessoas agarram-se a tudo o que as faça sonhar e renovar a esperança! Os discursos que tocam as feridas sociais que a austeridade agravou são importantes na medida em que não nos deixam dormir sobre uma realidade evidente e, ao mesmo tempo, alertam-nos para as dificuldade do caminho que continua difícil de percorrer.

Mas, todos sabemos isso, porque sentimos essas dificuldades nas nossas vidas, no nosso dia-a-dia! Neste espaço de passagem para o ano novo precisamos de mensagens de esperança e de ideias positivas que nos façam acreditar num futuro mais próspero e com menos sacrifícios. Um grande amigo diz-me que estou sempre a falar de esperança e que, às vezes, é preciso "dar um murro na mesa" e virar tudo ao contrário ? e também que é preciso fazer a guerra para que haja paz. Talvez este meu amigo esta certo neste conselho que frequentemente me dá. Oiço sempre o que me dizem e faço reflexões muito profundas sobre as inquetações que isso me provoca. Mas, em cada momento reforço a minha forte convicção da renovação da esperança! Por muito que isso custe com as coisas que à vezes acontecem à nossa volta devemos olhar em frente e ter "saudades do futuro" como diz o grande Eduardo Lourenço.

E esta esperança não deve ficar apenas no domínio das nossas cogitações mais recatadas. Devemos "arregaçar as mangas" e fazer todos os dias com que essa esperança se renove! No final deste ano que aí vem podemos não concretizar outra vez muitas das coisas com que sonhámos no seu início. Mas, se tivermos a certeza que fizemos tudo o que esteve ao nosso alcance para as concretizarmos e também se estivermos satisfeitos com as escolhas do caminho julgo que ganhamos força para voltarmos a renovar a esperança e continuarmos o caminho em direcção ao futuro! Este tempo do Natal é também um espaço de enormes contradições e um enorme espelho das desigualdades sociais. Entre mesas fartas e repletas de iguarias e mesas vazias à espera de uma mão solidária estão as pessoas da mesma comunidade.

Renovar a esperança é também combater essas diferenças socias e aprofundar o nosso sentido de vida e o nosso caminho interior. Esse é um enorme desafio para o qual somos todos convocados. Precisamos melhorar a nossa economia e combater a pobreza e a exclusão social. Sem isso não conseguimos avançar para outro patamar. Estes tempos de dificuldades económicas têm gerado muita tristeza mas também têm despoletado o que há de melhor no ser humano: o amor! O amor transformado em solidariedade e fraternidade tem compensado muitas dificuldades a nível material e imaterial.

Em tempos duros como estes o nosso coração está mais atento às necessidades dos outros. Conseguimos dar mais e com mais sentido tendo menos do que tínhamos. E este movimento tem despertado valores que andavam mais adormecidos. Somos mais solidários e mais verdadeiros! E esta mudança é, sem dúvida, uma das muitas lições deste tempo difícil. Por isso, quando passar esta enorme dificuldade não nos devemos esquecer de agarrar o que agora está mais desperto para continuarmos a renovar a esperança na construção de uma sociedade mais justa, coesa e solidária. O ano 2015 é mais uma porta que se abre no futuro que desejamos mais livre, mais igual e mais fraterno! Renovemos então a esperança no ano que aí vem! Bom ano novo para todos!

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