Viernes, 05 de diciembre de 2025
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Somos feitos de memória e de pedaços de vidro partidos
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Somos feitos de memória e de pedaços de vidro partidos

Actualizado 28/07/2025 10:09

Uma das relações mais fortes que temos na vida é com o espelho. Não no seu sentido funcional de cada manhã enquanto nos preparamos para sair de casa, mas como reflexo da nossa dimensão interior. Devíamos olhar mais para o espelho para nos descobrirmos, elencando os nossos defeitos, virtudes e tantas outras coisas. O espelho é muito mais do que a sua funcionalidade ou como suporte de todos os nossos narcisismos. Ele amplifica-nos. Descobre-nos para além da espuma dos dias. Antes de nos levantarmos contra o mundo, defendo-nos das espadas apontadas para nós, devíamos contemplá-lo com humildade e sabedoria, mergulhando, através dele, nas veredas da nossa interioridade. O espelho nem sempre resiste ao tempo, sobretudo às suas intempéries. De vez em quando parte-te em mil pedaços. Não deixa de ser um espelho de pedaços porque através de cada um deles podemos ver a nossa imagem reflectida. Mas perdeu a sua integridade global. A sua beleza inteira. É preciso reconstruí-lo, juntar os pedaços, dando-lhe outras formas e utilidades. Mas, por inteiro ou em pedaços, o espelho está lá, no mesmo sítio, para cumprir a sua função essencial muito para além da sua normalidade. Mesmo que o espelho seja novo será sempre o mesmo ao reflectir a nossa imagem de sempre. Se fitarmos o espelho novo vemos sempre a imagem de nós que pode ser velha ou eventualmente nova se, entretanto, tivermos mudado. Jorge Luís Borges, escritor e poeta argentino que muito aprecio, disse-nos que somos “ a nossa memória, somos esse quimérico museu de formas inconstantes, esse montão de espelhos rompidos." Somos tudo isso se conseguirmos prestar atenção ao caminho. Às vezes, precisamos parar para descansar e para realizarmos um exercício de questionamento fundamental; não para perguntarmos de forma clássica “espelho meu, espelho meu, há alguém mais belo do que eu?”, mas para, através dele, questionarmos o nosso trajecto, a nossa viagem, tentando perceber se é preciso corrigirmos a rota. E se isso for necessário temos que empreender de imediato sem esquecermos nunca o que fizemos até aqui, valorizando a nossa memória e , sobretudo o caminho andado com tanto esforço, determinação e convicção.

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