Nesta vida todos choramos, uns mais do que outros. Há quem chore com muita facilidade e quem chore para dentro. Uns choram em público, outros em privado. Quase todos sabem que “chorar não resolve nada”. E quase todos os que sabem que chorar não resolve nada, não choram para que alguma coisa se resolva. Choram porque dói! Choram porque liberta! Chorar não resolve nada, mas choramos na mesma.
Somos humanos. Temos sentimentos. Movemo-nos por afectos e sempre na necessária relação com os outros. Os outros nem sempre são fáceis e nós também não. Um texto atribuído a Charles Chaplin é muito claro e revelador sobre esta questão: “chorar não resolve, falar pouco é uma virtude, aprender a colocar-se em primeiro lugar não é egoísmo.
Para qualquer escolha segue-se sempre alguma consequência, vontades efémeras não valem a pena, quem faz uma vez, não faz duas necessariamente, mas quem faz dez, com certeza faz onze. Perdoar é nobre, esquecer é quase impossível.
Quem te merece não te faz chorar, quem gosta cuida, o que está no passado tem motivos para não fazer parte do seu presente, não é preciso perder para aprender a dar valor, e os amigos ainda se contam nos dedos”. Sim, quem gosta cuida e os amigos ainda se contam pelos dedos! Não são às “mãos cheias”. Ainda bem. Assim há menos ilusão e mais verdade.
A vida encarrega-se de fazer a triagem natural. As circunstâncias põem-nos à prova. O caminho ensina-nos muito sobre a companhia. E, como diz o mestre Charles Chaplin neste texto que identificam como seu, “aos poucos percebe o que vale a pena, o que se deve guardar para o resto da vida e o que nunca deveria ter entrado nela.
Não há como esconder a verdade, nem como enterrar o passado, o tempo sempre vai ser o melhor remédio, mas os seus resultados nem sempre são imediatos”. Mas, às vezes, é justamente isso o que procuramos: resultados imediatos! Há coisas que acontecem ali, naquela hora, e deixam marcas para a vida. Mas também devemos deixar que o tempo e a vida serenem o que pode ser serenado.
Dentro do que é possível, devemos arrumar as gavetas das experiências negativas para que a lição fique e a dor não incomode tanto. A vida segue o seu percurso e os companheiros de viagem aumentam ou diminuem em função das dificuldades do momento e das solidariedades e fraternidades de sempre e de agora.
A falta delas torna as dificuldades ainda mais difíceis de superar. É aí que nos moldamos. É aí que sabemos quem somos. É aí que sabemos com quem podemos contar. Tudo nos ensina, as boas experiências e, sobretudo, as más. Nessa perspectiva não devemos exaltar tanto as vitórias nem sofrer muito com as derrotas. Tudo é uma aprendizagem. O humor salva-nos. Chorar não resolve nada, mas é preciso. Não somos feitos de plástico ou de gelatina que escorre entre as veredas da insensibilidade.
Somos nós, sempre nós, por inteiro, com qualidades e defeitos que vamos aprimorando na jornada e sempre em função das circunstâncias. Avançamos sempre, com maior ou menor dificuldade. Caminhamos sempre nos dias de sol e de chuva. Choramos, mesmo que isso não resolva nada. Choramos porque dói. E depois seguimos em frente. Cada lágrima é uma gota de água no mar da esperança do caminho que se faz em direcção ao sol e aos dias cheios de luz e fraternidade.
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