Há dias cruzei-me com uma história de caranguejos que me fez reflectir sobre a vida, muito para além da existência destes famosos crustáceos. Não sei nada sobre a origem desta história nem quem a fez viajar tanto. Na verdade, ela cruzou-se com o meu olhar e eu, simplesmente, agarrei-a com a determinação que devemos agarrar tudo o que mexe connosco.
Através desta breve narrativa podemos escutar que se encontrava um homem na praia a vender caranguejos. Tinha dois baldes cheios de animais vivos, mas apenas um balde tinha tampa. Entretanto, uma mulher que ali passou perguntou-lhe: “Porque é que um balde está tapado e o outro não?” O vendedor respondeu-lhe: “Porque vendo dois tipos de caranguejos: os que colaboram e os que competem.
Os caranguejos que colaboram tentam sempre sair do balde. Quando não conseguem, eles fazem uma corrente, apoiam-se uns nos outros e, dessa forma, todos conseguem sair. Por isso, tenho que tapar o balde”. A mulher escutou a explicação e ficou, por momentos, em silêncio. Perante tamanha admiração, o vendedor reforçou que, na verdade, esta constatação era uma coisa impressionante. Mas a mulher perguntou também sobre a razão de ele ter o outro balde destapado: “Será que assim eles não vão sair também?”
A resposta foi imediata: “Sim, os caranguejos que competem também vão tentar sair. Mas, sempre que um deles tenta saltar e está quase a conseguir sair do balde, os outros que estão por baixo dele agarram-no e puxam-no para dentro. Assim, nenhum consegue escapar.“ Na nossa vida também encontramos muitos caranguejos, uns colaboram e outros competem. Há que nos ajude a sair de todos os baldes, construindo cadeias de solidariedade e há quem esteja em competição permanente, puxando-nos para baixo a todo o tempo.
Uns e outros fazem parte da nossa aprendizagem e do nosso caminho comum. Há sempre quem queira ajudar e quem promova a política da “terra queimada”; ou seja, se não é para mim não pode ser para ninguém. São esses os que nos puxam para baixo. Temos que ter cuidado com eles. Nem sempre têm caras de mau, nem sempre parecem maus; às vezes, sorriem-nos e abraçam-nos enquanto nos puxam para baixo, a nós e aos outros, para que ninguém consiga sair do balde.
Nem sempre são evidentes nos seus propósitos. Dissimulam. Mas são eficazes nos resultados. Aliam-se facilmente e sem condições para que ninguém saia do balde, para que todos permaneçam solidários na desgraça. Ficam contentes quando ninguém consegue. Frustram-se quando alguém consegue sair e seguir em frente, com vidas alicerçadas nas solidariedades positivas e nas correntes de fraternidade. Para equilíbrio das coisas e da própria vida, há muitos que se entrelaçam para ajudar, para conseguir em comum.
São esses que devemos ter por perto. Ajudam-nos e ensinam-nos a ajudar quem precisa em cada momento e a todo o tempo. No final de todas as contas, todos saem a ganhar. Todos saem do balde. Todos terão outros amanhãs de liberdade, sempre em direcção ao mar. Os outros ficarão no balde. Os querem sair e os que não deixam que eles saiam. Ali ficam, no fundo. À espera da morte anunciada, solidários na desgraça. O fôlego que lhes restar, mesmo o derradeiro, será sempre para matar a esperança. A vida é sol, mar e montanha. É solidariedade e cumplicidade. É um semear constante de esperança e liberdade. É sol no coração. Cuidemos uns dos outros para sairmos do balde em conjunto e em fraternidade. Sejamos felizes contando com todos.
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