O título deste texto é de José Saramago e está inscrito no seu livro derradeiro “Viagem do Elefante.” O Prémio Nobel da Literatura disse-nos que “sempre chegamos ao sítio onde nos esperam.” É preciso mergulharmos neste livro de grande esplendor literário, escrito no meio de uma doença prolongada que quase levou Saramago para o destino final que a todos nos espera, para percebermos melhor a viagem do Elefante Salomão ou Solimão, entre Portugal e Áustria, numa Europa setecentista.
A morte espera-nos a todos. Aí chegaremos um dia. Todos sabemos disso. Mas o que por vezes não sabemos ou não queremos saber é que em todos os outros dias em que não morremos devemos viver. Esquecemo-nos disso, tantas vezes. Por isso, a viagem, a nossa viagem, é sempre um encontro connosco, a exposição das nossas debilidades e fraquezas, e também a expressão da nossa força, nomeadamente sempre que é necessário ultrapassar obstáculos, subir montanhas e atravessar pântanos.
Às vezes não sabemos a força que temos até necessitarmos dela para seguirmos em frente. Para além da certeza desse encontro que um dia teremos com a morte, não sabemos, na verdade, se há sítios com pessoas dentro que esperam por nós. José Saramago chama-nos a atenção para isso, levando-nos a acreditar, com a sua poderosa narrativa entre a realidade e a ficção, que sempre chegamos ao sítio onde nos esperam. Se seguirmos esta linha de raciocínio temos que conceder que não podemos fintar o destino na medida em que ele já destinou o que entendeu para nós. Nesse sentido, por mais voltas que possamos dar vamos sempre chegar ao mesmo lugar, ao sítio onde nos esperam. Ora, Miguel Torga sublinhou que “o destino destina, o resto é comigo.”
Haverá, talvez aqui um caminho do meio, entre o sítio e as pessoas que nos esperam e tudo o que pudermos fazer durante a viagem para fintarmos o destino. A imagem que Saramago nos dá na sua viagem do elefante é absolutamente sedutora, sendo também um espelho da nossa identidade, juntando forças e fraquezas, na consolidação de um propósito que já está escrito nas estrelas.
Mas é justamente aí, entre a sedução de Saramago e o caminho do meio de Miguel Torga que reforço a minha convicção para não deixar de seguir a linha de força que William Ernest Henley desenhou no poema “Invictus”. Na verdade, “não importa quão estreito o caminho/ Quão cheia de punições a minha sina / Eu sou o mestre do meu destino, / Eu sou o comandante da minha alma”. E que assim seja.
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