Miércoles, 01 de mayo de 2024
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Não digas nada!
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Não digas nada!

Actualizado 14/04/2024 10:07
Miguel Nascimento

Nas nossas interações diárias envolvemo-nos, tantas vezes sem esperar, em conflitos feitos de palavras e diálogos mal entendidos. Nem sempre estamos bem. Os outros, os que interagem connosco, nem sempre estão bem. Comunicar é uma arte e também uma absoluta necessidade.

Nem sempre estamos à altura dela. Também por isso preferimos, por vezes, não dizer nada para evitarmos conflitos. Também acontece que, justamente por não dizermos nada para evitarmos conflitos, acabamos por entrar em conflitos connosco por não dizermos o que devíamos ter dito. Parece confuso mas não é.

Já todos passámos por situações deste género e, naturalmente, vamos passar por muitas outras até ao fim dos nossos dias. Perante cada circunstância devemos avaliar o que devemos dizer para não magoarmos os que connosco se relacionam, os que amamos e todos os outros. Às vezes falamos muito e não dizemos nada. Outras vezes ficamos em silêncio e dizemos tudo. Dos conflitos em que entramos por falarmos ou não dizermos nada, os piores são os que travamos connosco. São os de maior inquietação. Os mais poderosos. É dentro de nós que se travam as batalhas mais sangrentas.

Os nossos conflitos interiores são tão intensos quanto arrebatadores. E acontecem quando dizemos tudo o que nos vai na alma ou quando nos calamos perante uma qualquer circunstância que nos perturba ou magoa. Mas então devemos falar ou não falar? Devemos calar ou reagir? Devemos explodir ou mergulhar no silêncio de todos os conflitos e inquietações? Sei lá! Vocês sabem? Não há medidas para a regulação das emoções feitas de palavras doces ou amargas. Cada um saberá de si, ou não. Somos, na latitude das nossas emoções, humanamente imprevisíveis.

É por isso e por muitas outras razões que os poetas e os mestres das palavras nos salvam. Por exemplo, Fernando Pessoa disse-nos para não dizermos nada! Sim, “Não digas nada! / Nem mesmo a verdade / Há tanta suavidade em nada se dizer / E tudo se entender “. Nem sempre nem nunca, digo eu! Na verdade, há tanta suavidade em nada se dizer e, no meio disso, tanta coisa pode acontecer. Não digas nada que tudo se pode entender. Não digas nada. Deixa esquecer. Não digas nada mas faz por acontecer. Sim, há tanta suavidade em nada se dizer e tudo se pode entender e acontecer.

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