A nossa vida é como um jardim perfumado, repleto de flores. É um magnífico roseiral, qual esplendor da natureza, apesar de sinalizado com espinhos. Aliás, a rosa com os seus espinhos é, desde há muito, uma grande inspiração para os escritores, poetas e outros, na medida em que se constitui como uma imagem tão bela quanto metafórica sobre o caminho que levamos por aqui até ao nosso destino final. As rosas são belas mas os seus espinhos picam, fazem-nos sangrar.
A vida também é assim, nem sempre corre de feição. As suas cores perfumadas são tantas vezes entremeadas com espinhos, com muitas situações difíceis que nos magoam. É justamente quando as coisas se tornam mais difíceis, quando temos as mãos agarradas aos espinhos, que devemos pensar no beleza de uma rosa e do perfume que dela podemos exalar para seguirmos em frente, ultrapassando todas as situações que temos que ultrapassar. É também nessa perspectiva que recordo Antoine de Saint-Exupéry: “É loucura odiar todas as rosas porque uma te espetou.
Entregar todos os teus sonhos porque um deles não se realizou, perder a fé em todas as orações porque uma não atendida, desistir de todos os esforços porque um deles fracassou.” Nos dias de tempestade é preciso aguentar porque há sempre um caminho para andar e um jardim de rosas para cheirar e contemplar. E é nos dias em que os espinhos que se cravam de dor nas nossas mãos que devemos ter mais esperança nos outros dias melhores, na claridade que iluminará as nossas rosas perfumadas que são ainda mais importantes porque cuidamos delas com atenção, apesar de todos em que nos magoaram. As rosas são as pessoas que estão à nossa volta, a família e os amigos, e também todos os que nos vamos cruzando nos dias que correm, deixando e levando um pouco de nós.
A vida á absolutamente dicotómica. Aqueles que dizem que corre sempre bem são tolos ou talvez inconscientes. Nem sempre corre tudo bem. Mas também nem sempre corre tudo mal. Em cada volta do caminho temos que colher a experiência e saborear o momento, seja ele perfumado ou constituído por dor e amargura. A este propósito, como nos disse Machado de Assis, “há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinhos, há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas.” A nossa atitude perante as coisas que nos acontecem e em particular perante a vida que nos acontece, pode e deve fazer a diferença.
E se pensarmos de forma positiva, nomeadamente na adversidade, aprendemos mais do que julgamos ao mesmo tempo que nos fortalecemos mais do que pensamos. Depois, como nos inspirou Ricardo Reis (Het. Fernando Pessoa) temos que seguir o nosso destino, regar as nossas plantas e amar as nossas rosas porque “o resto é a sombra das árvores alheias.” Na verdade, “a realidade sempre é mais ou menos do que nós queremos. Só nós somos sempre iguais a nós-próprios.” Sim, na verdade, e citando de novo Exupéry, o “Pequeno Príncipe” não podia deixar de ter razão: “foi o tempo que dedicaste à tua rosa que a fez tão importante.”
É por isso e por muito mais que devemos amar as nossas rosas e fazer delas as coisas mais importantes da nossa vida. Dediquemo-nos que o tempo voa e as rosas não podem murchar e a nossa vida acabar sem amarmos tudo o que é preciso amar.
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