, 28 de abril de 2024
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A beleza de um kokedama
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A beleza de um kokedama

Actualizado 04/09/2023 07:56
Miguel Nascimento

Há dias, num contexto muito especial, ofereceram-me um Kokedama. Trata-se de uma planta simples, mas digna representante da arte floral japonesa. O kokedama, com uma antiguidade de mais de 500 anos, pode traduzir-se como bola (Dama) de musgo (koke), sendo considerado um irmão da arte de criação de bonsais.

Não precisa de grandes cuidados. Apenas de alguma atenção. As técnicas de kokedama e bonsai estão intimamente ligados à filosofia Wabi Sabi que, entre outros princípios, cumpre o caminho da valorização da imperfeição das coisas. Por outro lado, a filosofia Wabi Sabi está em perfeita comunhão com a natureza.

Possuir um kokedama é como ter um pedaço de natureza na mão. É contemplar o equilíbrio entre um ambiente controlado e a natureza selvagem. E nesse mecanismo de encontro e metamorfose, as raízes agarram-se à terra envolvida no musgo para encontrarem o sustento necessário para que a planta possa procurar o sol. Com o kokedama nas mãos e sem saber muito bem o que fazer, fui percebendo o significado que ela encerra. Quem a ofereceu procurou transmitir uma mensagem de aproximação e de valorização dos laços afectivos que a todos nos envolvem. As raízes são a nossa ligação umbilical à terra-mãe.

Temos que lhes prestar mais atenção, seguindo uma atitude de profundo respeito pela natureza, deixando que ela nos entre pela casa dentro, e aceitando tudo o que o cosmos nos enviar. Nada é perfeito. Nem o belo. Aliás, é a imperfeição que lhe dá tempo e espaço. Se não nos perdermos com questões demasiado irrealistas teremos tempo para, calmamente, cuidarmos das nossas plantas, mergulhando as mãos na terra para agarrarmos as raízes húmidas que a tudo nos ligam.

O tempo da imperfeição está aí para o vivermos com tranquilidade e alegria. Aceitemos que tudo passa e também que envelhecemos na sabedoria das coisas belas que são, naturalmente, Imperfeitas. Saibamos dar atenção aos detalhes feitos de gente próxima e distante que nos toca como a leveza de uma planta. Ainda incrédulo com o kokedama que chegou até mim, mergulho a bola de musgo na água na esperança que este exercício não deixe morrer a planta frágil que nela está implantada.

Não sei se vou ter sucesso nesta tarefa. Mas tenho esperança, muita, na mensagem que me foi transmitida por este gesto simbólico que humildemente agradeço. Às vezes, nos caminhos cheios e intensos que percorremos, precisamos que as surpresas feitas kokedamas nos invadam a interioridade para percebermos que temos que ir mais devagar para ganharmos tempo para nós e para o que nos liga a tudo o que nos rodeia. Seguir na viagem com propósito é também aceitarmos que o universo nos reserva surpresas que nos são apresentadas de forma absolutamente surpreendente. Saibamos ler os sinais para seguirmos caminho, aceitando todas as mudanças que fazem de nós o que verdadeiramente somos.

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