, 28 de abril de 2024
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O caminho da simplicidade
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O caminho da simplicidade

Actualizado 28/08/2023 08:26
Miguel Nascimento

A vida das nossas comunidades é complexa e demasiado turbulenta. Vivemos em função de estatutos sociais, hierarquias e demonstrações de poder em diversas escalas e dimensões. A comunicação individual e colectiva agarra-se à complexidade inflacionada para, na maioria dos casos, parecer mais do que é. Julgamos que o culto da complexidade faz de nós pessoas mais importantes que os outros. Julgamos que esse caminho em que a maioria segue nos levará mais depressa para onde desejamos, mesmo que não saibamos muito bem para onde e porquê. Ao mergulharmos com tanta intensidade neste caldeirão social vamos perdendo a nossa essência para nos misturarmos na argamassa comum das coisas banais, sem alma e conteúdo. Neste caminho que julgamos ser o melhor, é mais importante ter do que parecer. Os bens materiais seguem na frente da espiritualidade. Ficam para trás os que não têm meios para suportar uma vida em que, aparentemente, a felicidade se compra e tudo reluz na opulência que é preciso demonstrar e exibir. Temos uma necessidade permanente de demonstrar como estamos bem, felizes e no caminho do sucesso. Nesta escala a vida simples, feita de coisas simples e de linguagens acessíveis para todos é posta de lado porque não confere estatuto social, sendo rejeitada e desvalorizada. Não podemos nem devemos criticar quem segue este ou aquele caminho. Cada um sabe de si e do valor que atribui aos momentos e às coisas. Viver é assumir escolhas e consequências. E não podemos dizer que há escolhas certas e erradas. A liberdade é podermos escolher. Mas aqueles que escolhem o caminho da simplicidade sabem que a viagem será sempre difícil, exigindo de nós muito trabalho. Aliás, como disse o grande Leonardo da Vinci a “simplicidade é o mais alto grau de sofisticação.” Aqueles que simplificam a comunicação para todos a compreenderem têm que dominar todas as suas latitudes. Simplificar o que é complexo dá muito trabalho. Mas também é um exercício muito apreciado por todos os que seguem no caminho onde a essência de nós não pode ser comprada, apenas vivida. De resto, na palavra de Charlie Chaplin, o “assunto mais importante do mundo pode ser simplificado até ao ponto em que todos possam apreciá-lo e compreendê-lo. Isso é - ou deveria ser - a mais elevada forma de arte.” Neste sentido, viver a simplicidade não significa que tenhamos que nos despojar das nossas vestes para cumprirmos um caminho minimalista, vivendo com pouco ou quase nada. Significa apenas que estamos atentos aos pormenores de todos os dias para lhes darmos atenção e expressão nas nossas vidas. O nosso esforço de tentar tornar simples o que é complexo exigirá muito trabalho interno. Mas se, com muito treino, conseguirmos ultrapassar as complexidades do mundo que se deseja simples, estamos a dar o nosso melhor contributo para que o caminho em que seguimos possa ter sempre luz e, sobretudo, que possam caber todos nesta viagem comum. Ao simplificarmos estamos a incluir e a desenhar sorrisos onde antes faltavam.

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