Por estes dias apanho boleia nas palavras do escritor francês Jean Bruller (Vercors) - “A humanidade não é um estado a que se ascenda. É dignidade que se conquista” - para seguir viagem neste caminho que é nosso, devendo ser percorrido com a dignidade que todos merecemos. As palavras de Bruller ganham ainda mais força e significado pelo seu exemplo de vida quando, entre outros, lutou pela dignidade humana num tempo muito difícil em que todos os dias era necessário resgatar a esperança do caos em que loucura militarizada a queria manter.
Só corações grandes puderam e podem resistir em nome da dignidade para que o caminho da humanidade tenha sempre luz apesar das trevas. Recordo que Jean Bruller foi membro da resistência francesa e cidadão militante em defesa da dignidade humana, justamente num tempo em que ela foi ameaçada de forma tão significativa pela Alemanha nazi.
A nossa história colectiva contou sempre, felizmente, com gente que nunca desistiu dos princípios e valores que edificaram o templo humanista do nosso chão comum. Ele e outros conquistaram, por nós, essa enorme dignidade que devemos preservar e consolidar. Infelizmente, a história repete-se. E nas pequenas e grandes coisas o combate continua entre a luz e as trevas.
Como nos disse Goethe “ apenas é digno da vida aquele que todos os dias parte para ela em combate.” Agir com dignidade é um imperativo humanista que devemos respeitar para sermos respeitados, exercendo a fraternidade e a solidariedade, reforçando o sentido maior da Declaração Universal dos Direitos do Homem: “Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos.” Ao percorremos este texto essencial do tempo novo, recordo J.F. Kennedy e um dos seus conselhos mais sábios: “Se agir sempre com dignidade, talvez não consiga mudar o mundo, mas será um canalha a menos.” Na verdade, não podemos mudar o mundo, mas podemos mudar-nos e mudar o que está à nossa volta.
A dignidade começa em nós e no respeito que devemos fazer por merecer, respeitando os outros, em todas as suas igualdades e diferenças. A vida corre depressa e a dignidade que devemos conquistar é como uma planta que necessita de água e carinho todos os dias. Por isso, como sentenciou Kant, “no reino dos fins, tudo tem ou um preço ou uma dignidade.
Quando uma coisa tem preço, pode ser substituída por algo equivalente; por outro lado, a coisa que se acha acima de todo o preço, e por isso não admite qualquer equivalência, compreende uma dignidade”. É nesse esforço de dignidade que nos devemos focar. Esse esforço não se compra nem se vende, não tem preço, é apenas alcançado pelo merecimento. Saibamos seguir por aí. Há muito trabalho por fazer e uma humanidade de geografia alargada para proteger. Saibamos caminhar com dignidade para que o nosso horizonte nunca perca a esperança.
La empresa Diario de Salamanca S.L, No nos hacemos responsables de ninguna de las informaciones, opiniones y conceptos que se emitan o publiquen, por los columnistas que en su sección de opinión realizan su intervención, así como de la imagen que los mismos envían.
Serán única y exclusivamente responsable el columnista que haga uso de nuestros servicios y enlaces.
La publicación por SALAMANCARTVALDIA de los artículos de opinión no implica la existencia de relación alguna entre nuestra empresa y columnista, como tampoco la aceptación y aprobación por nuestra parte de los contenidos, siendo su el interviniente el único responsable de los mismos.
En este sentido, si tiene conocimiento efectivo de la ilicitud de las opiniones o imágenes utilizadas por alguno de ellos, agradeceremos que nos lo comunique inmediatamente para que procedamos a deshabilitar el enlace de acceso a la misma.