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Caminhar no escuro
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Caminhar no escuro

Actualizado 15/05/2023 07:56
Miguel Nascimento

Caminhamos tantas vezes no escuro. Não vemos nada à nossa frente. Tudo é incerteza. Temos medo de cair. Temos medo de seguir. Mas seguimos. Vamos com medo mas vamos. Seguimos em frente para a geografia de todas as incertezas. Temos que chegar ao nosso objectivo, à nossa alvorada que fica para lá da floresta escura que agora temos de atravessar.

Mas temos confiança. Em nós e nos que nos acompanham. Está escuro. Não vemos nada. Podemos tropeçar. Mas seguimos determinados porque vamos juntos. Confiamos. A este propósito Helen Keller disse-nos que “caminhar com um amigo no escuro é melhor do que caminhar sozinho à luz do dia”. Na verdade a luz que rompe a escuridão pode ser a amizade e a confiança que ela incorpora.

A nossa vida é uma grande caminhada. É feita de luz e sombras, de grandes claridades e mantos de escuridão. Temos que passar todas as fases para darmos valor a cada uma delas é aprender os seus significados e lições. Completamo-nos nestes contrastes e evoluímos com estas mudanças entre a luz e o escuro. Avançamos sempre em qualquer dos casos.

A luz não estará sempre presente. Sabemos disso. A escuridão faz parte do caminho e representa a incerteza do futuro, o nosso medo em relação ao dia seguinte, as nossas dúvidas sobre tudo e mais alguma coisa. Tudo isto é ampliado pela ausência de luz. No escuro sentimo-nos mais frágeis e hesitantes. O medo da queda é constante.

O medo em si é constante. Mas seguimos. Aprendemos a confiar mais. O tacto passa a orientar os nossos passos. Sentimos uma mão amiga que nos ampara e puxa para a frente. Sentimos o calor dos que estão connosco. Sentimos a diferença de luz do valor da amizade. Confiamos. Seguimos em frente, absolutamente determinados em atravessar a escuridão.

O medo nunca nos larga. Mas também sabemos que é preciso superar o que precisamos de superar para seguirmos em frente. Perante tamanha escuridão que agora atravessamos não sabemos a que distância fica a nossa alvorada. Mas, entretanto, apreciamos o valor da amizade e a confiança que sentimos no meio de todas as nossas tibiezas. Com o abraço de todos ficamos mais fortes. E quando chegarmos, todos, à nossa alvorada percebemos afinal que a escuridão não existe - ela é apenas a ausência de luz.

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