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Honra e glória aos vencidos
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Honra e glória aos vencidos

Actualizado 26/03/2023 17:01
Miguel Nascimento

A nossa sociedade está formatada na competição individual e colectiva permanente. Valoriza os vencedores e esquece os vencidos. Relega-os para as fronteiras do nada. Numa corrida disputadíssima quem ficou em segundo lugar é logo classificado como o primeiro dos últimos. É preciso ganhar, estar em primeiro, chegar antes dos outros. Temos que estar em cima, sempre em cima.

O resto não interessa. Mas, se estivermos atentos, percebemos que o caminho da nossa vida é uma longa sucessão de perdas. Quase tudo o que nos chega, quase tudo o que ganhamos, será perdido, sem aviso prévio, num determinado momento da viagem.

E no final dela perderemos tudo. Ao longo do percurso perdemos pessoas, oportunidades, relações e isto e aquilo. Frustramo-nos muito quando perdemos. Estamos focados em ganhar. Apenas isso importa. Andamos ofuscados com o brilho do sucesso sem nos darmos conta que ele é o resultado da persistência, da resiliência e de muitas tentativas e erros.

Uma derrota pode ser a maior lição da nossa vida. Ao insistirmos podemos perder. Mas aprendemos se soubermos aprender. A sabedoria da vida passa por aceitarmos tudo o que perdemos para podermos evoluir. Aceitar uma derrota não é fácil. Aceitar as nossas perdas, sejam elas quais forem, é sempre um caminho doloroso. Mas também é sempre uma escalada de sabedoria.

A vida é curta como sabemos. Por isso temos que a viver por inteiro, aceitando as vitórias e as derrotas com o mesmo coração. Nada é permanente. Tudo flui. E nós que um dia seremos pó, cinza e nada, como nos recordou Florbela Espanca, devemos apreciar as noites que são alvoradas em que nos saibamos perder para nos encontrarmos.

Temos que saber perder para aprendermos o verdadeiro sabor da vitória, para reconhecemos que o combate com honra é mais importante que o resultado final. Quando caímos e nos levantamos com frequência estamos a cultivar a nossa resiliência e a nossa capacidade em ultrapassar as dificuldades do caminho.

Estamos a aprender sobre quem somos. Estamos a conhecer-nos e a explorar as nossas geografias da interioridade. E essa descoberta em permanência é uma viagem extraordinária. Saibamos aproveitar esta oportunidade. Aliás, Umberto Eco, disse-nos que “ os perdedores, assim como os autodidatas, sempre têm conhecimentos mais vastos que os vencedores, e quem quiser vencer deverá saber uma única coisa e não perder tempo sabendo todas, o prazer da erudição é reservado aos perdedores.

” Na verdade, viver é morrer e renascer a cada dia que passa como se todos fôssemos primaveras. O tempo das derrotas confere-nos humildade e sabedoria. As derrotas e as vitórias são estados transitórios. No meio delas estamos nós, por inteiro. Saibamos aceitar o que cada uma delas nos diz em cada momento. É tudo vem no tempo certo, como a primavera. Podemos perder todas as batalhas. Mas não podemos perder a guerra do que importa. É por isso que devemos lutar sempre!

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