, 28 de abril de 2024
Volver Salamanca RTV al Día
António Salvado: partiu o poeta da Ibéria
X

António Salvado: partiu o poeta da Ibéria

Actualizado 08/03/2023 09:30
Miguel Nascimento

António Salvado partiu para a viagem sem regresso. Espero e desejo que descanse em paz, depois de uma demanda tão longa, tão intensa e repleta de significado. Deixou-nos uma obra colossal que o elevará à imortalidade dos poetas da Ibéria e do mundo. Recordo, já com muita saudade, o seu humor de fino recorte e também uma tenacidade inabalável para fazer coisas em nome da cultura e do reforço, feito caminho, das ligações de afecto entre Portugal e Espanha, com destaque para o abraço permanente entre a sua Beira e a querida Salamanca, a eterna cidade das pedras douradas.

As palavras que juntou em largas dezenas de obras publicadas e também muitas outras que (certamente) irão ver a luz do dia, assinalaram um percurso notável e com uma marca muito impressiva nesta nossa geografia transfronteiriça. O seu exemplo, a sua coragem e determinação são agora, mais do que nunca, uma luz no caminho e, naturalmente, uma inspiração para que todos possamos continuar esta fundamental demanda cultural da nossa comunidade.

António Salvado morreu em combate como sempre desejou; ou seja, tombou a fazer coisas da cultura, engatilhadas em palavras. Enquanto a resistência física se ia quebrando com o tempo a sua cabeça alimentava a vontade férrea de continuar o caminho mesmo que o corpo pedisse o merecido descanso.

Fez por acontecer até ao limite das suas forças. Neste último domingo de março, caiu o pano sobre o seu capítulo derradeiro. Mas o poeta da Ibéria continuará connosco, deixando-nos para a eternidade “o seu "canto (sublime) das palavras", como referiu o seu grande amigo e parceiro de “Jornadas”, António Lourenço Marques.

Foi, justamente, essa melodia das palavras que o professor Catedrático, António dos Santos Pereira, estudou a fundo e consagrou, de forma sublime, em livro e no meio universitário. No fundo, fez-lhe justiça, afirmando (entre muitas outras coisas de grande relevância) que “o poeta António Salvado é a personalidade mais rica das últimas três gerações, nascida e a residir no que chamamos Portugal de Dentro, entre Tejo e Douro, e uma das maiores da cultura portuguesa.”

As Universidades da Beira Interior e de Salamanca distinguiram-no com os mais altos galardões. A comunidade regional, representada nos municípios, com o de Castelo Branco à cabeça, reconheceram-lhe, em vida, o seu mérito e relevância cultural. E o poeta foi agradecendo, fazendo e escrevendo quase até à hora da sua morte tudo o que a vida tinha para contar.

A sua partida representa uma perda irreparável. Mas a sua obra perdurará. Agora que António Salvado partiu, temos que fazer como ele disse e escreveu de forma sábia: “o que se deve pedir no começo do crepúsculo / É um cântico de luz para a manhã seguinte...”. É precisamente o que, como cidadão, também peço para ele, desejando que a sua obra seja sempre revisitada para que o seu tempo de entrega não se desvaneça. Peço que o seu canto sublime nunca mergulhe no silêncio para que tenhamos sempre manhãs claras, repletas de luz no caminho.

La empresa Diario de Salamanca S.L, No nos hacemos responsables de ninguna de las informaciones, opiniones y conceptos que se emitan o publiquen, por los columnistas que en su sección de opinión realizan su intervención, así como de la imagen que los mismos envían.

Serán única y exclusivamente responsable el columnista que haga uso de nuestros servicios y enlaces.

La publicación por SALAMANCARTVALDIA de los artículos de opinión no implica la existencia de relación alguna entre nuestra empresa y columnista, como tampoco la aceptación y aprobación por nuestra parte de los contenidos, siendo su el interviniente el único responsable de los mismos.

En este sentido, si tiene conocimiento efectivo de la ilicitud de las opiniones o imágenes utilizadas por alguno de ellos, agradeceremos que nos lo comunique inmediatamente para que procedamos a deshabilitar el enlace de acceso a la misma.