Jueves, 28 de marzo de 2024
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O encanto da imperfeição
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O encanto da imperfeição

Actualizado 05/11/2022 09:29
Miguel Nascimento

As redes sociais e as plataformas de informação e comunicação funcionam como um enorme espelho em banda. Vemos e somos vistos. Observamos e somos observados. Mostramo-nos mais ou menos conforme a dinâmica de cada um de nós. Ao entrarmos nas redes, tal como os peixes, dificilmente saímos de lá. Somos apanhados para sermos consumidos pela voracidade da comunidade que tudo vê e observa. Não nos importamos com isso na medida em que sempre fomos a jogo. Entramos para sermos vistos. Para mostramos como as nossas vidas são perfeitas. Cultivamos a perfeição da beleza e da nossa condição material. Celebramos o nosso sucesso pessoal e profissional. Agigantamo-nos sobre os nossos ombros fazendo esforços colossais para mostrarmos a nossa felicidade aos outros. Queremos e desejamos que nos vejam felizes, sorridentes, bem-sucedidos e, sobretudo, perfeitos. Sim, desenhamo-nos perfeitos aos olhos dos outros. E como não somos os únicos a fazê-lo o reflexo de todos exerce ainda maior pressão sobre todos nós, sempre no sentido de mostrarmos mais e sermos sempre mais e mais que tudo e todos. No fundo, somos os maiores se conseguirmos navegar na onda da perfeição que se exibe a todo o instante. Uma fotografia aqui e outra ali. Um comentário apropriado acompanhado das pessoas e lugares certos que marcam as geografias dos que vencem na vida. Exibimos um carro, uma roupa de marca, um destino paradisíaco. Sempre tudo em alta e em eterna felicidade que a perfeição atesta. Na verdade, meus amigos, tudo não passa de um jogo de sombras, quais reflexos de cavernas esconsas de onde saem gritos que clamam por liberdade. A busca pela perfeição não tem mal nenhum. Porém sabemos que não existe. No entanto, podemos persegui-la como orientação para o caminho. Mas, se nos libertarmos da enorme pressão de mostrarmos o que não temos e de inventarmos o que não somos talvez possamos ter tempo para contemplarmos a nossa imperfeição desnudada para, entre muitas outras coisas, percebermos como ela é encantadora. Somos seres humanos feitos de imperfeições, falhas e inconstâncias. Por isso não nos devemos ajustar a cânones de perfeição que implicam dor, sofrimento e angústia enquanto a vida passa por entre os dedos da nossa mão. Temos que aprender a olhar para dentro. Há aí muito para observar no recato da intimidade, sem palcos nem luzes da ribalta. Ao percebermos que não somos infalíveis diminuímos a pressão que nos fazemos e libertamos espaços para que outros também contemplem as suas veredas da interioridade. Cada um de nós tem a sua realidade. O seu tempo e as suas circunstâncias. Por isso, não devemos mergulhar em espirais comparativas que não levam a lado nenhum. Cada um de nós tem a sua singularidade expressa em virtudes e defeitos. Nós não somos os outros. Somos nós, por inteiro. Por isso devemos viver as nossas vidas e não as que se atravessam à nossa frente nas montras da perfeição. Se olharmos para nós, não numa perspectiva egoísta, mas numa lógica de amor ao que somos e representamos podemos contaminar os outros a fazer o mesmo. Assim, seremos todos especiais e talvez nos deixemos encantar com todas as nossas imperfeições.

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