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Também fazes castelos no ar?
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Também fazes castelos no ar?

Actualizado 08/10/2022 09:23
Miguel Nascimento

Ao longo do nosso processo de crescimento em direcção à maturidade fomos sendo avisados para não construirmos castelos no ar, para mantermos os pés no chão. Fomos formatados para não sonharmos com o impossível e para não desenharmos janelas de oportunidade no ar. Os avisos são importantes, sobretudo os que vêm daqueles que gostam de nós. Mas também é fundamental sabermos fintar os desígnios daqueles que querem sempre que as formigas andem no carreiro, procurando fazer tudo como tudo sempre foi feito. Precisamos de mudanças para avançarmos no caminho e para escolhermos outros que nos levem a novos lugares. Não podemos fazer isso sem o sonho que comanda a vida. Não podemos fazer isso sem construirmos os nossos castelos no ar. Sem sonharmos com eles cheios de gente pronta para novas aventuras. A vida sem emoção não é uma vida de verdade. É apenas uma sobrevivência que assume a silhueta de um percurso definido, sempre sombrio e pouco entusiasta. Somos mais do que isso, todos! Somos feitos de sonhos, dos que se cumprem e de todos os outros que não chegarão à geografia da realidade. Quase todos fazemos e moramos em castelos feitos no ar. Não há nenhum mal nisso, antes pelo contrário. Aliás, o grande Teixeira de Pascoaes disse-nos que “o homem é um castelo feito no ar. O que ele tem de não existente, é que lhe dá existência. O engano que ele vive, é que lhe dá vida. Toda a realidade do seu corpo se firma na mentira da sua alma.” Na verdade, a nossa perspectiva da vida tem que ir muito para além da próxima curva da estrada. Se quisermos mobilizar alguém temos que nos entusiasmar primeiro com objectivos difíceis de alcançar para lutarmos por eles. Não para termos fama ou proveitos extraordinários. Apenas para sermos felizes! É isso o que importa! E para encontramos a felicidade não podemos desistir dos nossos sonhos e, muito menos, de construirmos castelos no ar. Somos o que sonhamos e o que construímos no ar. É isso o que nos agiganta. É essa força que nos permite empolgar e mobilizar outros para a viagem que queremos empreender em conjunto. Se ousarmos criar essa energia que assenta numa cadeia de união fortalecida em todos os que mobilizarmos, conseguiremos fazer coisas, realizar projectos e, sobretudo, semear amor e esperança. Os castelos no ar serão sempre o ponto de partida. Se andarmos sempre de olhos colados ao chão não conseguirmos ver a beleza das nuvens, os raios de sol e os voos dos pássaros que cruzam a latitude da liberdade. Se andarmos cabisbaixos e cumpridores do destino em que nos meteram nunca o conseguiremos fintar. É por isso que temos que levantar os olhos e olhar para cima… e construirmos e continuarmos a construir castelos no ar. O nosso limite é apenas o de não nos deixarmos confundir (de forma excessiva) entre a realidade e o sonho. Podemos e devemos deixar que os dois mundos coexistam. Mas devemos ter sempre clareza de pensamento para decidirmos o que temos que decidir sem deixarmos de sonhar. É também por isso que Henry Thoreau nos disse que “se tivermos construído castelos no ar, não foi trabalho perdido: é ali mesmo que eles devem estar. Agora, ponha-lhe os alicerces.” Na verdade, um caminho de alma cheia é feito de trabalho árduo na colocação dos alicerces para assentarmos todos os castelos que fizemos no ar. Os sonhos poderão ou não transformar-se em realidade. Porém, está na nossa mão fazermos com que isso aconteça, cumprindo, entre muitas outras coisas, uma importante lição de vida que Miguel Torga nos deixou: “O destino destina. O resto é comigo.”

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