Jueves, 25 de abril de 2024
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O perigo é a aventura ou a rotina?
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O perigo é a aventura ou a rotina?

Actualizado 09/07/2022 10:33
Miguel Nascimento

Há dias saboreava o meu café quente, como gosto, apesar do calor intenso que se fazia sentir. O pacote de açúcar, como é da praxe, rodopiava entre os dedos da minha mão. Tenho sempre curiosidade em ver o que tem inscrito, uma frase, uma imagem, uma campanha publicitária. Não importa. O pacote de açúcar é um bom complemento estético do café que se saboreia melhor sem misturas adocicadas. Quando chego à última gota o pacote de açúcar passa a ser o centro das atenções. Mais um volta entre os dedos e eis que surge na palma da mão uma pequena plataforma branca com mais uma inscrição de impulso filosófico: “Se pensas que a aventura é perigosa experimenta a rotina, é mortal!” Ui, digo eu para os meus botões! Esta está forte. Desconheço a autoria. Mas subscrevo-a de forma integral. Carrego no botão e aí vou eu inspirado pelo desafio de pensar sobre a mistura explosiva que representa um caminho entre a rotina e a aventura. Na verdade todos sabemos como a rotina é importante para a nossa vida, nomeadamente para o estabelecimento do equilíbrio que é essencial para a nossa saúde física e mental. Sem rotinas perdemo-nos. Desregulamo-nos. O cumprimento de horários e procedimentos diários confere-nos estabilidade. Amarra-nos ao chão. Estimula a segurança de que necessitamos para seguirmos em frente. A rotina liga-nos à vida que conhecemos. Dá-nos pão para o caminho. É território de conforto. Ou seja, tem muita importância para nós. E é precisamente por isso que, de vez em quanto, temos que a quebrar e interromper. Temos que mudar de caminhos para que o tédio não se instale, esmagando-nos com o peso da rotina. A aventura é sempre uma geografia perigosa. Mas encanta-nos . Apaixona-nos! O equilíbrio entre o cumprimento da rotina e lance da aventura é sempre difícil de cumprir. Mas como diz Renata Fagundes: “ Eu gosto do que me inquieta, sair da rotina, dos trilhos,

perder o fôlego, a pose, o rumo, o sono. Tenho preguiça do sossego, ele me deixa chata. Quietude só na alma, meu corpo precisa ouvir meus vasos sanguíneos.” Sim, temos que sentir o sangue que corre nas veias que a quietude da rotina sempre amaina. Nunca desvalorizei a rotina. Antes pelo contrário. Mas sempre me deixei seduzir pela a aventura que faz bater o coração mais depressa. O tempo que seguimos nem sempre confere com a rotina ou com a aventura. Em todo o caso alinho com o pensamento de Mark Twain que, a propósito, nos disse o seguinte: “Daqui a vinte anos estaremos mais decepcionados pelas coisas que não fizemos do que pelas que fizemos. Então temos que largar as amarras. Navegar para longe do porto seguro. Apanhar os ventos da aventura nas velas do nosso barco. Explorando. Sonhando. Descobrindo.” Com os pés no chão dizemos ao vento que desejamos voar. E voamos para onde quisermos. Podemos não chegar. Mas também nunca nos lamentaremos por não termos tentando. Entretanto sentimos os vasos sanguíneos a latejar. Sentimos-nos vivos, apesar de todas as rotinas que cumprimos.

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