Há dias, de forma completamente inesperada, fui ao encontro desta frase que é, em simultâneo, um ponto de partida para uma reflexão: “dar cem passos errados no caminho certo é melhor que dar mil passos correctos no caminho errado.” Desconheço a autoria desta frase-reflexão. Encontrei por aí outras frases idênticas que vão no mesmo sentido, com e sem autor reconhecido. Porém o que verdadeiramente importa é o que esta expressão contém. Ou seja, o sentido da frase e o convite à reflexão. A partir daqui devemos, naturalmente, ponderar se existem caminhos certos e caminhos errados. Há quem defenda que sim e também quem diga que não. Naturalmente, esta não é nem pode ser uma questão linear. Os que obtêm sucesso seguiram, aparentemente, por caminhos certos. E os que não o alcançaram seguiram talvez por caminhos errados. Apesar deste encaixe para os dois caminhos sabemos que, na realidade, o sucesso não ê sinónimo de felicidade ou de absoluta satisfação pela escolha do caminho. Como nos diz Dalai Lama, “às vezes não conseguir o que quer é uma tremenda sorte.” E isso acontece na nossa vida mais vezes do que pensamos. Os passos que damos nos caminhos certos e errados fazem-nos andar para a frente e para trás. A opção de continuar ou recuar é sempre nossa. Mas, como diz o mestre do caminho do meio, nem sempre o que desejamos alcançar é o melhor para nós. Os nossos erros e os passos que damos nos caminhos errados são tempos de aprendizagem e de uma beleza incomum. Errar, por vezes, é uma benção. Há coisas boas que vêm ter connosco sem as desejarmos ou procurarmos. Algumas estavam destinadas e outras são o resultado dos caminhos errados em que tantas vezes entramos. Aquilino Ribeiro tem um tratado sobre caminhos errados. Entre muitas outras coisas disse-nos que “sem o erro a terra tornar-se-ia uma morna e desolada charneca, ou pelo menos uma paradisíaca e rotunda pasmaceira.” O erro ensina-nos muito. Só erra quem faz. E é precisamente a errar que aprendemos a fazer bem. E enquanto erramos e aprendemos estamos a viver as nossas vidas. Esse é o encanto do caminho. E uma vida sem a substância do erro é uma pasmaceira. A este propósito Aquilino sentenciou: “grande bicho é o homem! Bate-se e morre de sorriso nos lábios por disparates. Trilha sendas ásperas e espinhosas, atrás de miragens, como se pisasse as mais fofas tapeçarias.” Escutando e lendo os mestres com atenção devemos apreender melhor o significado do caminho. Nem tudo está certo e errado. O que verdadeiramente deve comandar os passos é o coração, sempre no trilho da felicidade numa viagem que é curta demais.
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