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Precisamos do regreso da interrogacao
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Precisamos do regreso da interrogacao

Actualizado 12/04/2022 11:37
Miguel Nascimento

No tempo de hoje a designada sociedade da informação e comunicação oferece-nos, insistentemente, tudo e mais alguma coisa. Assistimos ao desfilar de imagens e rótulos disto e daquilo que, em simultâneo, são desfiadas e dissecadas por especialistas disto tudo. A análise e o comentário são efectuados pelos especialistas-generalistas; ou seja, são especialistas de tudo que tanto falam das técnicas mais apuradas da gestão desportiva, do futebol ou da complexidade da política e até do universo. Estes novos arautos do tempo ajudam-nos, com o seu saber especialista-generalista, a perceber o tema que possa, eventualmente, não ter sido bem comunicado pelo emissor de serviço. Ou seja, reforçam e vincam uma determinada tendência que está a ser massificada de forma mais ou menos subliminar. A informação é repetida até à exaustão e servida em doses massacrantes. Não há espaço para a reflexão. Para o pensamento. Aparentemente, não precisamos disso. Há sempre quem pense por nós. Há sempre quem influencie o nosso raciocínio e a formulação de opinião sobre um determinado assunto fazendo-nos acreditar que fomos nós, em diálogo connosco, que chegámos a uma determinada conclusão. E quando estamos a processar uma ideia, julgando que é nossa, já estamos a ser, de forma recorrente, o alvo de novas investidas. No nosso dia-a-dia somos confrontados com frases e ideias feitas, prontas a consumir. Somos estimulados a seguir a onda e a alinharmo-nos no carreiro, como a formiga do Zeca. O poder desta coisa é avassalador. Quase que não podemos respirar nem descansar. O ritmo é frenético. Interessa a alguns, muito poucos. É assim que concretizam os seus objectivos, realizando os seus interesses. Este movimento poderoso vai anulando a individualidade e acantonando as geografias da interrogação. As perguntas são uma coisa terrível. Provocam agitação e instabilidade. Desalinham o que está convenientemente alinhado. Divergem dos interesses instalados. Como se verifica pelo estado a que isto chegou precisamos do regresso interrogação. E o cumprimento desse desígnio deve começar em nós. Devemos interrogar-nos sobre o propósito do nosso caminho e, sobretudo, procurar o que está nos interstícios, nos intervalos do espaço e do tempo. E só podemos ter bilhete para essa viagem se soubermos questionar o que importa. Se nos alimentarmos da informação que nos é dada em formato previamente mastigado nunca conseguiremos encontrar o que está para além do que é revelado à vista desarmada. Precisamos de questionar para saber e procurar o que está lá mas não se vê. Ao seguirmos a nossa intuição e ao questionarmos o que deve ser questionado estamos a reforçar a nossa individualidade e a fortalecer o colectivo. Ao procuramos estamos a desvendar e a descobrir. Estamos a revelar o que se encontrava oculto ou, no mínimo, dissimulado. Se cavarmos fundo encontraremos. Mas, para isso, temos que sair do carreiro e desalinhar o que está alinhado para voltarmos a construir um caminho mais sólido, mais sustentado e, acima de tudo, mais verdadeiro. A ilusão é sempre interessante. Mas precisamos de nos encontrar em todas as respostas às perguntas que estamos dispostos a formular no quadro da revelação da verdade que mora em todos os interstícios do espaço e do tempo.

Fundão, 11 de Abril de 2022

Miguel Nascimento

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