Todos temos lugares especiais que nos trazem boas memórias e uma paz inexplicável. São lugares onde nos sentimos bem, que nos confortam e abraçam. Não vamos lá todos os dias. Não podemos. Não queremos. Não podemos pelas circunstâncias da vida ou, simplesmente, não queremos banalizar o que é especial. Regressamos a esses lugares sempre que queremos ou podemos; às vezes, isso importa pouco. É nesses lugares que celebramos a vida com mais intensidade. É também nesses lugares que choramos ou procuramos conforto quando as coisas não correm de feição. É lá que mergulhamos nas profundezas da tranquilidade quando precisamos de um conselho ou de tomar uma decisão mais difícil. Passamos ou regressamos a esses lugares para fazermos muitas coisas. E também para não fazermos nada. Apropriamo-nos deles. Julgamos que são nossos em função da cumplicidade que se foi estabelecendo ao longo dos tempos, onde a ignição das emoções aconteceu num determinado momento também ele especial, por boas ou más razões. O que verdadeiramente nos importa é que ali, na serra ou no mar, numa rua, num caminho, num bar, num restaurante, num templo ou noutro lugar que estas palavras juntas não conseguem (ou não querem) identificar, nos conseguimos encontrar connosco, com os nossos pensamentos mais profundos e, sobretudo, com a nossa intimidade de dentro. Quando viajamos até às geografias dos nossos afectos sentimo-nos verdadeiramente livres das amarras que nos pesam todos os dias. Agarramos momentos de felicidade e renovamos as nossas energias. Deixamo-nos estar. Deixamo-nos ir. Propositadamente, não contabilizamos o tempo que ali estivermos, no lugar que é nosso e que será sempre nosso, aconteça o que acontecer. Às vezes, percorremos lugares onde nunca estivemos. Mas apesar disso sentimos que o espaço nos é familiar e que existe ali uma química qualquer que não sabemos explicar. A nossa viagem pode ser curta ou longa. A dimensão desse tempo não está ao nosso alcance. Não somos nós que decidimos. Mas podemos mexer na intensidade das coisas, no espaço em que nos movimentamos e, sobretudo, no tempo que o alinhamento dos astros nos permitir. Também por isso não devemos prolongar as ausências dos nossos lugares de afecto e da nossa alquimia das emoções onde acontece o mágico equilíbrio das nossas humanas necessidades. Cada local tem as suas circunstâncias, a sua história e o seu lastro de felicidade mesmo nos dias mais cinzentos. Cada local tem a sua ponte até nós. Ligamo-nos aos lugares especiais pelo coração. Estabelecemos uma grande cumplicidade e entregamo-nos, ainda que involuntariamente, a determinados rituais que nos enchem de prazer e alegria. Os lugares especiais também são as nossas cavernas, os nossos abrigos e os eternos mantos de protecção. Também devemos cuidar deles, visitando-os e fazendo o que estiver ao nosso alcance para os preservar. Cada vez que formos até lá estaremos a renovar-nos e a fortalecer as nossas bases, a nossa força e a nossa energia. De vez quando devemos largar tudo por uns instantes para nos entregarmos a estes pequenos prazeres que alimentam o nosso ser e a nossa componente mais egocêntrica. Se assim fizermos teremos o nosso prazer dentro de nós e muito mais para darmos aos outros e construirmos, em conjunto, caminhos mais tranquilos e geografias de afectos maiores. A isso chama-se caminhar em direcção à felicidade!
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