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Que importa o tempo?
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Que importa o tempo?

Actualizado 05/05/2019
Miguel Nascimento

Que importa o tempo? | Imagen 1

Inspiro-me em Machado de Assis para contrariar a espuma dos dias. Navego nas palavras do poeta para dizer a amizade e deixar-me em embalar nos ventos que nos dizem que "há amigos de oito dias e indiferentes de oito anos". Há momentos de amizade. E amizades de uma vida inteira. Há momentos em que o tempo não importa e tempos em que amizade preenche o espaço do nosso coração. Isso é uma bênção. A caminhada torna-se mais leve e fresca no conforto da amizade que nos acompanha. A amizade e o caminho não são coisas lineares. Não constituem paralelos de rigor e de objectividade. Nós mudamos. Os nossos amigos também mudam. E, como se sabe, o caminho é uma aventura de todos os dias. Tudo sobre e desce a montanha vezes sem conta e tudo muda a cada instante. Há amigos que estão perto e outros que estão longe. Todos estão perto do coração. Mas o tempo da mudança acontece em qualquer lugar, ao longe e perto de nós. Neste enquadramento as palavras de Verónica Shoffstall ganham ainda mais sentido: "um dia aprendemos que as verdadeiras amizades continuam a crescer, mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que temos na vida, mas quem temos na vida. Aprendemos que não temos que mudar de amigos, se compreendermos que os amigos mudam." A vida é demasiado curta para não lhe conferirmos a atenção que merece. O tempo da nossa viagem é demasiado curto para darmos tanta importância ao que não tem importância. Por isso, devemos valorizar apenas o que deve ser valorizado. A amizade é um das coisas mais importantes que acontecem no nosso coração enquanto percorremos as veredas do nosso destino. As amizades fazem-nos e nos fazemos as amizades. Nem sempre corre tudo bem na medida em que, por vezes, depositamos nos outros expectativas demasiado altas que depois não se cumprem. E, naturalmente, o inverso também acontece. Nesse momento, a frustração e o desânimo tomam conta de nós. Amuamos. Zangamo-nos. Rompemos amizades. Perdemos amigos e os amigos perdem-nos. Entretanto, o tempo passa. Os dias voam com demasiada rapidez. Vamos andando e os amigos que perdemos também vão andando. A vida vai acontecendo e o tempo toma conta de tudo. De vez em quando questionamo-nos sobre o momento em que perdemos uma amizade e se verdadeiramente valeu a pena o desentendimento e o amuo que afinal aconteceu por quase nada. O orgulho ergue sempre torres muito altas, duras e intransponíveis, que afinal se derrubam com facilidade se soubermos abrir e partilhar o nosso coração. A amizade é sempre uma coisa maior que não deve ser desperdiçada nem trocada por pequenas vantagens de momentos circunstanciais. Devemos fazer um esforço para percebermos melhor as mudanças que acontecem em nós e nos outros. Temos que nos dar mais para não perdermos os nossos amigos e, no fundo, para não nos perdermos. Uns precisam dos outros para fundarem e consolidarem amizades. Se formos verdadeiramente amigos regaremos todos os dias a horta da tolerância para desvalorizarmos o que não tem importância. A amizade é abraçar todos os defeitos que o nosso amigo tem para deixarmos espaço para que as suas virtudes nos encham a alma. E tudo funciona como um espelho, para os outros e para nós. A amizade é a construção comum do caminho das estrelas. E é nesse caminho que devemos depositar a nossa esperança para que o tempo corra mais devagar. Para saborearmos a vida devemos deixar de dar importância ao tempo para celebrarmos o que verdadeiramente importa. E quando temos amigos, de perto e de longe, que mudam como nós devemos deixar que as coisas fluam como têm que fluir. Devemos aproveitar o tempo da viagem a celebrar a amizade e a contemplarmos em conjunto o manto estrelado que todos os dias dá luz ao caminho.

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