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O prazer sublime das nossas coisas
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O prazer sublime das nossas coisas

Actualizado 08/04/2018
Elisa Izquierdo

O prazer sublime das nossas coisas | Imagen 1

Penso muito sobre a questão do tempo. Não faço dramas sobre a sua passagem. Antes pelo contrário: estendo-lhe, todo os dias, as necessárias passadeiras vermelhas para que ele passe com brilho e distinção. O percurso do tempo é uma coisa inevitável e incontrolável. Não podemos fazer nada para retardar ou mesmo impedir a viagem do tempo. Não podemos fazer com que os ponteiros do relógio andem para trás. O tempo que passa segue o seu destino e arrasta-nos com ele. É uma questão imperativa. Não há nada a fazer! Mas perante esta inevitabilidade que é o tempo da nossa vida podemos sempre ter uma atitude que aprecie a viagem e, sobretudo, o prazer sublime das nossas coisas, dos nossos momentos, dos nossos lugares? e das pessoas que amamos sem condição! E esta nossa atitude perante a vida é, em si, um caminho de felicidade na medida em que tornamos a viagem tão leve quanto intensa e saborosa. Gosto de sentir a brisa que sopra da montanha e contemplar o manto branco que a vai despindo, lentamente, entre a Primavera e o Verão. Olho para a montanha fria e majestosa enquanto saboreio o gosto de um café quente pela manhã. Entretanto falo com os meus botões para elencar os problemas do dia e equacionar as suas soluções. Às vezes, os problemas são muitos e de diferentes escalas e latitudes. E outras tantas vezes não há soluções à vista. Mas sei que a água continuará a escorrer da montanha enquanto sinto o aroma forte do meu café quente. Nesse instante, independentemente dos problemas que tenha para resolver, agradeço, com sentido profundo, a oportunidade que a vida me dá ao ter este prazer sublime. Não é um prazer pequeno nem grande. É um prazer de um momento. Daquele momento e daquele café quente com a montanha branca e fria no meu horizonte visual. No final do dia posso dar conta que errei não sei quantas vezes e também que não encontrei todas as soluções para os problemas daquelas horas. Mas mergulho na noite com a ideia do aroma forte daquele café quente que me encheu de prazer naquele momento que era só meu, naquela intimidade comigo?naquele momento de paz e de renovação de energia e de todos os equilíbrios. O tempo continua o seu caminho mas parece que naquela manhã parou por instantes e apenas para me conceder aquele prazer único e sublime de tomar um café quente enquanto contemplava a montanha. No nosso percurso de vida e nas batalhas de todos os dias precisamos dos nossos momentos sublimes e das coisas que nos dizem outras coisas, mesmo que pareçam objectos inanimados e, aparentemente, sem capacidade para dizerem coisa nenhuma. Mas sabemos que falam connosco e também o que nos dizem. A viagem pode seguir atribulada devido à tempestade no canal mas não deixaremos de aproveitar a brisa fresca que emana das águas que ajudam a movimentar o barco em que seguimos. Entretanto, contemplamos a paisagem que nos abraça e aprendemos (com o que nos disse Douglas Adams) a apreciar a beleza dos jardins e a imaginar todas as fadas que por ali se encontram. Sim, a beleza do jardim é, em si, um prazer único que podemos maximizar se conseguirmos imaginar a vida fantástica que ele pode ter com fadas e duendes que se cruzam entre poções mágicas e conversas intermináveis ao luar. Sem aviso prévio a noite cai no momento em que chegamos a casa. E o frio que se instala em todas as penumbras recomenda que sejamos rápidos a acender a lareira para aquecermos a alma e continuarmos a desenhar horizontes repletos de momentos nossos que nos envolvam na plenitude do nosso coração. O crepitar da lareira convida ao aconchego. É então que nos embalamos nos sonhos para nos metamorfosearmos no que somos, verdadeiramente. Nesse instante, percebemos que gostamos de nós e que sentimos prazer na nossa companhia. E se conseguirmos sentir esse momento sublime significa que estamos absolutamente disponíveis para nos darmos aos outros e para os arrastarmos para a felicidade que desejamos para nós. O tempo continuará a passar. Amanhã será outro dia. Terá novas dificuldades e novos desafios. Mas também terá novos momentos sublimes, novas intimidades e vidas partilhadas pelo que verdadeiramente importa!

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