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O duro caminho da coerência
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O duro caminho da coerência

Actualizado 18/02/2018
Miguel Nascimiento

O duro caminho da coerência | Imagen 1

Ser coerente não é fácil. As linhas duras que estabelecemos para o nosso caminho e que forjaram e moldaram a nossa personalidade deparam-se com diversas dificuldades ao longo da viagem. Desde logo porque o piso em que nos movemos é escorregadio e lamacento. Por isso temos muita dificuldade em seguir caminho se não nos adaptarmos ao sistema; ou seja, se não formos também escorregadios, lamacentos ou gelatinosos. Se nos mantivermos rígidos nas nossas profundas convicções tudo será mais difícil. Se optarmos pela via gelatinosa a nossa capacidade de adaptação e de sucesso está mais favorecida. Neste sentido, em determinado momento da viagem podemos ter que optar pela fidelidade ao compromisso connosco e com os nossos valores de sempre ou pelos mecanismos de adaptação às circunstâncias. É nesse momento, nesse tempo em que a decisão acontece, que entra em jogo a coerência ou a falta dela. A coerência é, acima de tudo, uma atitude perante a vida. A sua expressão reclama sempre uma fortíssima ligação entre ideias e factos em estreita ligação com a lógica. A coerência é sempre um exercício difícil porque exige lógica e sobretudo coesão, nas palavras e nos actos. Não podemos dizer uma coisa e fazer o seu contrário. Não podemos dizer hoje uma coisa e amanhã o seu contrário com a mesma simplicidade de quem bebe um copo de água. Não podemos ter hoje uma opinião sobre uma determinada coisa e amanhã uma opinião oposta. Também percebemos que, por vezes, as opiniões que se emitem ou as atitudes que se praticam são tudo menos genuínas e que apenas fazem parte de uma estratégia individual para se agradar ao chefe, a quem manda, ou para nos adaptarmos às circunstâncias. Não quero fazer juízos de valor sobre nada nem exacerbar a moral e a ética como linhas intransponíveis no nosso caminho. Mas, quando observamos demasiada incoerência e nos deparamos com o exagero de desempenhos gelatinosos percebemos que é tempo de reclamarmos o regresso à coerência como uma atitude forte e um bálsamo para o percurso que temos que realizar em conjunto. Bem sei que a sorte aparente está do lado dos que dizem hoje uma coisa e amanhã o seu contrário apenas para obterem benefícios do chefe para, caindo sem suas graças, terem o caminho desimpedido para chegarem o mais longe possível, seja lá o que isso for. A coerência está em sintonia com a credibilidade e com a honestidade mais pura, não apenas em relação aos outros mas, sobretudo, em relação a nós. E essa é uma atitude que confere força e determinação, permitindo superar todos os obstáculos. E o caminho assim torna-se mais fácil? Não! Torna-se mais curto? Não! Será mais leve? Não! Então por que razão devemos ser coerentes e honestos com os nossos princípios e valores se isso dificulta a nossa viagem? Não será menos penoso para nós adaptarmo-nos ao contexto gelatinoso dos dias que correm para que a nossa opinião coincida sempre com a que os que mandam querem ouvir? Não será mais fácil para nós seguirmos pelas veredas da adaptação imediata e da genuflexão permanente tirando sempre o chapéu a quem passa sem termos que emitir a nossa opinião? Sem termos que dizer não! Sem termos que fazer oposição às circunstâncias do momento? Talvez seja isso tudo! E talvez estejamos a perder tempo com pensamentos sobre isto e aquilo. E sobre o que concordamos e o que discordamos. Como referi anteriormente não quero fazer juízos de valor sobre nada. Cada um faz a viagem como entender e certamente procurará ser feliz à sua maneira. Porém entendo, salvo melhor opinião, que uma vida sem contraditórios, sem debate, sem momentos altos e baixos, sem alegrias e tristezas é como uma tela sem cor ou uma comida sem sal. Precisamos das dificuldades para valorizarmos os tempos de facilidades. Precisamos de tristezas para valorizarmos todas as nossas alegrias. Precisamos da nossa opinião e da opinião dos outros para construirmos um caminho verdadeiro que onde todos tenham lugar. Precisamos de todas as adversidades e de todas as contradições (e contraditórios) e menos de vidas gelatinosas que apenas escorregam e nunca se levantam porque não estão prontas para o combate e para defenderem as suas ideias e valores. Este é um tempo que corre a uma velocidade estonteante onde, de vez em quando, precisamos de parar para reflectir sobre o caminho em que seguimos. Podemos ter sucesso mas, entre todas as coisas, devemos ter opinião e defender as causas em que acreditamos. Caso contrário, mesmo no meio de todos os sucessos aparentes, perceberemos mais cedo do que tarde que a nossa vida foi apenas em leve passeio que não deixou marcas em nada e muito menos saudades!

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