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Paisaje e interioridad en la poesía de Alfredo Pérez Alencart
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SOBRE 'ANTE EL MAR, CALLÉ'

Paisaje e interioridad en la poesía de Alfredo Pérez Alencart

Actualizado 02/12/2017
Redacción

Victor Oliveira Mateus, destacado poeta, antólogo y editor portugués, comenta el último libro del colaborador de SALAMANCArtv AL DÍA

El presente libro de Alfredo Pérez Alencart Em frente ao mar, emudeci / Ante el mar, callé publicado ? en edición bilingüe ? por la colección contramaré de la Editora Labirinto (Fafe / Portugal, 2017) contiene un conjunto de poemas escritos por el poeta durante una de sus visitas a Portugal, concretamente a la ciudad costera y turística de Figueira da Foz.

Ya en el epígrafe del libro, el poeta nos ofrece la clave de lo que irá a ser su relación con el paisaje con el cual se confrontará: no estamos ante un sujeto que, de modo estrictamente pasivo, iniciará una descripción geométrica de la realidad, una aprehensión fría y desconectada de su mundo interior; el paisaje con que el poeta se enfrentará es algo, que, marcado por el asombro y por el estupor, hará callar al poeta, y le traerá la fecundación de los instantes y que, posteriormente, le continuará enviando vestigios, palabras como barcos. En la Inscripción, Alfredo Pérez Alencart confirma mi lectura: "No solo el mar: también el Amor. No sólo la ciudad y el paisaje que la completa: también lo más íntimo..." (p. 9). Esta tesis de que hay una profunda dialéctica entre el yo y la exterioridad, una comunión del poeta con aquello que percibe, atraviesa todo el libro: "Una ciudad está en mi Tiempo: / le hace un tatuaje intimísimo..." (p. 12). "Y oigo plegarias del Atlántico/ hasta que se me humedecen los ojos". (p. 17).

El yo poético se entraña por la ciudad, habla de los restaurantes llenos, del Casino, de los bañistas, de las arenas de la playa, pero, en el fondo, para que esta su ciudad sea aprehendida ? auténticamente ? son necesarios los momentos de interiorización, o, como él dice: "Ejercito la pasión por el sosiego que rescata" (p 14).

La ciudad, en este caso Figueira da Foz, no es simple espacio geográfico; es una entidad viva que dialoga con el poeta y donde la imaginación desvela aspectos fundamentales de la memoria cultural de dos pueblos, el portugués y el español: Fernando Pessoa, con todos sus heterónimos atrás, reforzando la relación de la Poesía con el fingimiento, bien como la necesidad de abdicar para ser él mismo (pp. 21-22); Miguel Torga paseando por Buarcos "sin más lujos que su antigua mirada montañosa" (p. 34); el fado y la voz de Amália (p. 36); Miguel Unamuno (véase cómo las rememoraciones son, inclusivamente, presenciales: "Tengo que volver a la playa para saludar al viejoven Rector", p. 47). Pero Alfredo Pérez Alencart, en este libro suyo, no se deja callar y fascinar por los elementos culturales de cariz academizante; también o mundo físico ejerce sobre él una poderosa atracción: "Extenso rio portugués / Mondego, de cuyo caudal no hago cálculos." (p. 28)? y todo ese paisaje le habla: el río con sus salinas, los flamencos, las barcas? estimulan momentos de alto lirismo:

"¡Oh río que das de beber a todos!// Mojaré a mi lengua con tus aguas!" (p 28).

Pero esta experiencia en tierras lusas, esta visitación, se alarga también a la esfera de los afectos "al ver el cuerpo dormido de la amada soñadora" (p. 24). Estamos, por consiguiente, en este viaje de Alfredo Pérez Alencart a la ciudad da Figueira da Foz, ante un paradigma que traduce todas las dimensiones de la temporalidad: el pasado ? véase su alusión a la similitud del mar entre el Océano Pacífico de su infancia y el Atlántico que baña Iberia ?, y el presente donde vive la amistad e interioriza lo vivido y el futuro:

Educar es un sueño realizable.

No se detengan,

sigan haciendo que florezca la ilusión,

anotando en la pizarra

que la cosecha es más tarde, después de haber sembrado

con paciencia.

(p. 54)

Diré, pues, que este libro tiene una función dual: es simultáneamente la traducción de una experiencia vivida, pero también una propedéutica a la forma de leer el mundo, lo otro y el yo. Lectura esa donde el corazón, más que la razón y los sentidos, desempeñan un papel crucial en ese óptimo interiorizar el paisaje, en esa forma de alcanzar la Alegría, hasta porque "?lo feliz no miente en ninguna clave de su alfabeto" (p. 42). Depurado y preciso este lirismo de Alfredo Pérez Alencart, poesía de aquello que en - y para - lo humano es esencial, viaje arquetípico de esa otro bien mayor que llamamos vida.

Paisaje e interioridad en la poesía de Alfredo Pérez Alencart | Imagen 1

PAISAGEM E INTERIORIDADE NA POESIA DE ALFREDO PÉREZ ALENCART

O presente livro de Alfredo Pérez Alencart, Em frente ao mar, emudeci/ Ante el mar, callé publicado ? em edição bilingue - pela coleção contramaré da Editora Labirinto (Fafe/ Portugal) comporta um conjunto de poemas escritos pelo poeta aquando uma das suas visitas a Portugal, concretamente à cidade costeira e turística da Figueira da Foz.

Logo na epígrafe do livro, o poeta dá-nos a chave do que irá ser a sua relação com a paisagem com a qual se confrontará: não estamos ante um sujeito que, de modo estritamente passivo, encetará uma descrição geométrica da realidade, uma apreensão fria e desconectada do seu mundo interior; a paisagem com que o poeta se defrontará é algo, que, marcado pelo assombro e pelo maravilhamento, fará o poeta emudecer, é algo que lhe trará a fecundação dos instantes e que, posteriormente, lhe continuará a enviar vestígios, palavras como barcos. Na Inscrição, Alfredo Pérez Alencart confirma esta minha leitura: "Não só o mar, mas também o Amor. Não só a cidade e a paisagem que a completa: também o íntimo?" (p. 9). Esta tese de que há uma profunda dialética entre o eu e a exterioridade, uma comunhão do poeta com aquilo que perceciona, atravessa todo este livro: "Uma cidade está no meu Tempo:/ ela faz-me uma tatuagem intimíssima? " (p. 12); "E ouço orações do Atlântico/ até que os olhos me humedeçam." (p. 17).

O eu-poético embrenha-se pela cidade, fala dos restaurantes cheios, do Casino do jogo, dos banhistas, das areias da praia, mas, no fundo, para que esta sua cidade seja apreendida ? em autenticidade ? são necessários os momentos de interiorização, ou, como ele diz: "Exercito a paixão pelo sossego que resgata" (p. 14).

A cidade, neste caso a Figueira da Foz, não é um mero espaço geográfico, é uma entidade viva que dialoga com o poeta e onde a imaginação desvela aspetos fundamentais da memória cultural de dois povos, o português e o espanhol: Fernando Pessoa, com todos os seus heterónimos atrás, reforçando a relação da Poesia com o fingimento, bem como a necessidade de abdicar para ser ele-mesmo (pp. 21-22); Miguel Torga passeando por Buarcos "sem outros luxos que não seja o seu antigo olhar montanhoso" (p. 34); o fado e a voz de Amália (p. 36); Miguel Unamuno (veja-se como as rememorações são, inclusivamente, presentificadas: "Tenho que voltar à praia para saudar o velho-jovem Reitor", p 47 ). Mas Alfredo Pérez Alencart, neste seu livro, não se deixa apenas emudecer e fascinar pelos elementos culturais de cariz academizante, também o mundo físico exerce sobre ele uma poderosa atração: "Extenso rio português/ Mondego, de cujo caudal não faço cálculos." (p. 28)? e toda esta paisagem lhe fala: o rio com as suas salinas, os flamingos, as barcas estimulam-lhe momentos de alto lirismo: " Oh rio que dás de beber a todos!// Molharei a minha língua nas tuas águas!" (p. 28).

Mas esta experiência em terras lusas, esta visitação alarga-se também à esfera dos afetos "ao ver o corpo adormecido da amada sonhadora" (p. 24). Estamos, por conseguinte, nesta viagem de Alfredo Pérez de Alencart à cidade da Figueira da Foz, perante um paradigma que traduz todas as dimensões da temporalidade: o passado ? veja-se a sua alusão à similitude do mar entre o Oceano Pacífico da sua infância e o Atlântico que banha a Ibéria -, o presente onde vive a amizade e interioriza o vivenciado e o futuro:

"Educar é um sonho possível.

Não se detenham,

avancem fazendo com que floresça a ilusão,

escrevendo no quadro de ardósia

que a colheita virá mais tarde depois de se ter semeado

com paciência."

(p. 54)

Direi, pois, que este livro tem uma função dual: é simultaneamente a tradução de uma experiência vivida, mas também uma propedeûtica à forma de ler o mundo, o outro e o eu. Leitura essa onde o coração, mais do que a razão e os sentidos, desempenham um papel crucial nesse bem interiorizar a paisagem, nessa forma de alcançar a Alegria e a Felicidade, até porque: "Quem é feliz não mente em nenhuma chave do seu alfabeto" (p. 42). Depurado e preciso este lirismo de Alfredo Pérez Alencart, poesia daquilo que no - e para - o humano é essencial, viagem arquetípica dessa outra bem maior a que chamamos vida.

Victor Oliveira Mateus

Lisboa

Paisaje e interioridad en la poesía de Alfredo Pérez Alencart | Imagen 2

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