" O homem pode aguentar tudo, até a ideia de que não pode aguentar mais." William Faulkner
O nosso caminho tem momentos extraordinários de felicidade. E momentos muito duros também. Os momentos felizes não são eternos. E os infelizes também não. É também por isso que a sabedoria de uma vida cheia reside no equilíbrio. Sempre no equilíbrio ? que é a base do caminho do meio. Mas o caminho do meio é pano que dá para outras mangas. No pano de hoje cai o tempo da adversidade que nos fustiga de vez em quando com muita força. Seja por isto ou por aquilo. Às vezes parece que tudo acontece de uma vez. Nessas alturas, quando pensamos que estamos mal, há sempre a possibilidade de ficarmos pior. São os tempos negros que nos abraçam com intensidade. Parece que por mais que façamos nada corre bem. E quando fazemos alguma coisa que parece correr bem começamos logo a pensar que ainda pode correr mal. Somos invadidos por pensamentos negativos. Mergulhamos no pessimismo e julgamos que as nossas forças nos abandonam a cada etapa do caminho. A nossa moral fica em baixo e desejamos carregar num botão que nos coloque longe desta ou daquela aflição. Mas, como sabemos, isso não é possível. Apesar da nossa imaginação ser uma competência extraordinária ela não chega para tudo, muito menos para alterar a realidade, nomeadamente quando ela é muito difícil. Mas a imaginação é muito importante, principalmente na hora de soprarmos velas com destino a geografias doces e afáveis. Nesse sentido, a imaginação dá-nos descanso. Cria um intervalo na nossa batalha com a adversidade. Deixa-nos respirar um pouco. Alimenta-nos na nossa exaustão, depois de tantos combates, de tantas derrotas e de tantos sonhos desfeitos. E quando pensamos que já aguentámos tudo o que tínhamos para aguentar e que a exaustão nos fará ceder a qualquer momento, surge uma força interior que nos empurra para a frente para continuarmos o caminho e dobramos o cabo da boa esperança. É então que a luz invade o caminho e as dificuldades de ontem são superadas. A imaginação continua no nosso alforge a magnetizar os pontos cardeais de novos destinos e novas aventuras. Mas a satisfação do momento da superação dos obstáculos vem de dentro. Vem de nós. É então que a alegria nos invade o coração, sobretudo porque nunca desistimos de nós e nunca deixámos de continuar a subir a montanha, apesar de todas as dificulades. Afinal, como dizia William Faulkner "o homem pode aguentar tudo, até a ideia de que não pode aguentar mais." Precisamos de aguentar até ao nosso limite, mesmo sem sabermos bem qual é. Há um momento em que julgamos não aguentar mais. Mas continuamos a subir a montanha e a desviar as pedras do caminho. Há um momento em que a exaustão parece tomar conta de nós, mas continuamos. Julgamos que vamos cair, mas continuamos a caminhar em direcção ao cume. Superamo-nos! Superamo-nos sempre e muito para além do limite das nossas forças. Aguentamos mais do que pensamos porque não desistimos de nós, dos nossos sonhos e dos nossos caminhos. E é essa determinação que nós dá força e que nos faz crescer. Aprendemos com os nossos erros. Ganhamos experiência nas duras batalhas contra a adversidade. Mas, acima de tudo, ganhamos coração para o caminho. E é isso o que verdadeiramente importa. É o coração e o caminho. Quando chegarmos ao cais derradeiro o homem da barca apenas quer saber se levamos duas moedas para lhe pagar a viagem para a outra margem. Não quer saber se temos mais de duas moedas ou se somos importantes ou uns mendigos. Para o outro lado só passa a nossa nudez e a nossa alma. Despojamo-nos de tudo menos de um caminho que foi percorrido com o coração. E essa memória não tem preço. Para quem vai e para os que ficam antes do cais. Lá chegarão também um dia. Mas entretanto guardarão o melhor de nós e tentarão também superar-se nas suas dificuldades. Se pudermos deixar esse exemplo de determinação e coragem para que ninguém desista dos seus sonhos e do seu caminho, podemos seguir em paz porque a viagem terá valido a pena! É também por isso que, como dizia S. Tomá de Aquino, é preciso aguentar "como se isso fosse uma grande fortaleza". E para erguermos e aguentarmos fortalezas temos que ser fortes e ter um coração grande!
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