Entre a noite e o dia acontece a madrugada que nos vem beijar o rosto. Vem com o vento que sopra devagar, todas as manhãs, para nos dizer que aí está um novo dia. A matina que alvorece um tempo novo chama-nos para o seu regaço como se fossemos poeira, folha levada e um pouco de nada, na madrugada, como nos disse Mário Quintana. É nesse momento que deixamos a noite para trás e abrimos os braços para um novo começo de luz. O vento continua a soprar e o nosso coração enche-se de esperança. Há um silêncio que nos escuta. E dizemos tudo sem dizermos nada. Escutamos o vento que passa. Ouvimos o coração. Ouvimo-nos na quietude da madrugada. Todas as horas são boas para reflectirmos sobre o caminho. Mas, a madrugada é o melhor momento para agarrarmos as coisas que vagueiam no pensamento. Olhamos para o horizonte. O sol está quase a nascer, mas a noite ainda não se foi embora. E ali está nós, em silêncio, e em paz com o mundo e num diálogo profundo connosco, com os "nossos botões". Pensamos nisto e naquilo. Reflectimos sobre o erro que é o verdadeiro mestre da nossa contínua aprendizagem. Olhamos de novo para o horizonte. Sonhamos com um dia melhor que o anterior. Temos fé e força para continuarmos a caminhar apesar de todos os obstáculos do caminho. Sonhamos, acreditamos e vamos, pelos nossos sonhos. Sempre pelos nossos sonhos! As madrugadas não foram feitas para dormirmos sobre elas. Foram concebidas para as contemplarmos. Para as vivermos intensamente enquanto o vento nos bate no rosto. É o tempo de sermos nós de nos metamorfosearmos em nós. Às vezes mudamos para nos transformarmos no que somos. E nós somos aquilo que sonhamos. A noite está quase a partir e já o manto doce da madrugada nos cobre de luz. Conforta-nos. Abraça-nos. Liberta-nos das amarras do dia de ontem e talvez do dia que aí vem. Ali estamos nós, sentados, quietos e em silêncio. As estrelas vão-se apagando uma a uma, como se fossem os candeeiros da estrada do firmamento. O galo vai batendo as asas e cantando. Está a anunciar o novo dia. É agora que tudo acontece. Entre o silêncio das estrelas que se despedem e os raios de sol que espreitam entre os ramos das árvores. A passarada acorda e começa a agitação, na natureza e na vida dos homens. É um novo dia. Um novo tempo. Uma nova etapa. Uma nova aventura. Descemos a montanha com a cara lavada pelo orvalho. O nosso coração está de alma cheia porque contemplou a madrugada de todas as esperanças. O sonho continua. Mas, agora descemos para o patamar da realidade das coisas. Continuamos a caminhar e a superar obstáculos. Mas agora com alma renovada pela madrugada e pelo vento que nos bateu no rosto. Saudamos o sol. Tomamos um café e saudamos as pessoas que se cruzam connosco. Não sabemos quantas contemplaram a madrugada. Mas isso também não interessa. O que verdadeiramente importa é que hoje, através do nosso coração cheio, podemos dar amor a quem dele precisar. E amanhã, se for caso disso, subiremos de novo à montanha para contemplarmos a madrugada e sentirmos, de novo, a brisa a bater-nos no rosto. É assim que renovamos a nossa esperança e a nossa força para continuarmos este caminho que é nosso por direito. E esse caminho chama-se felicidade!
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