As caras e as nucas da nossa vida.

A vida é feita de altos baixos. É feita de escolhas. A vida é subir e descer a montanha. No nosso caminho devemos estar preparados para subir e descer a montanha as vezes que forem necessárias e também para fazermos as nossas escolhas. Ao longo da nossa viagem temos alegrias e tristezas, conhecemos o sucesso e o fracasso. E de cada momento devemos saber retirar o máximo proveito para que possamos assumir a vida a tempo inteiro. Neste jogo não há intervalo. O relógio não pára. Estamos sempre em campo, lá no alto ou lá em baixo. Precisamos de viver com alegria e celebrar todas as vitórias que conseguirmos alcançar. Mas também devemos ter a capacidade para aguentar o embate dos momentos mais duros. Devemos ter a capacidade para seguir em frente. De resto, Dalai Lama diz-nos que "o período de maior ganho em experiência e conhecimento é o período mais difícil da vida de alguém." Este tempo, tantas vezes demasiado duro, é a prova que precisamos de superar para nos tornarmos mais fortes e, fundamentalmente, para fazermos crescer a nossa verdadeira dimensão humana. O sobe e desce da nossa vida só encontra verdadeira expressão na medida em que nos relacionamos com os outros e com todos os que se cruzam no nosso caminho. É assim que nos conhecemos. É assim que conhecemos melhor quem vai connosco no barco. Em tempo de festa, de alegria e celebração encontramos muitas caras. Encontramos muitas caras sorridentes que querem partilhar as nossas conquistas e o sucesso do momento. Porém quando o fracasso nos bate à porta cruzamo-nos com menos caras e com mais nucas. Aqueles que outrora partilharam o nosso sucesso não se querem associar ao nosso fracasso. E isso acontece porque, na realidade, não eram nossos amigos. Os amigos de verdade são aqueles que estão sempre connosco, sobretudo nas horas mais difíceis, nos momentos de dificuldade e nos tempos em que é necessário reunir forças para, em conjunto, voltarmos a subir a montanha. Os amigos ajudam-nos a superar as dificuldades e a contornar os obstáculos. Não são muitos. Mas são bons e estão sempre disponíveis, mesmo quando julgamos que não há solução para um determinado problema. Os momentos difíceis ajudam-nos a crescer. Por vezes, as zonas de desconforto e os problemas do caminho despertam em nós capacidades e a coragem que julgávamos não possuir. As dificuldades agigantam-nos. Os amigos dão-nos força para seguirmos em frente. Assim, a viagem tem outro sabor, outra luz, outro encanto. Devemos valorizar as amizades verdadeiras porque elas fazem parte de nós e moldam a nossa personalidade. Somos melhores e mais felizes se contarmos com os nossos amigos. Somos mais completos se nos completarmos uns aos outros, somando em coesão e solidariedade o que cada um tem de melhor. Os outros, os que caminham connosco apenas enquanto temos sucesso são aqueles que em momentos de aperto e dificuldades só nos exibem as nucas. As caras e as nucas fazem parte da nossa viagem. Por isso, devemos valorizar a amizade daqueles que têm sempre um sorriso para nós, sobretudo nos momentos mais difíceis das etapas do nosso caminho. As nucas dos que nos voltam as costas têm o valor que lhes quisermos dar. É também por isso que devemos cuidar sempre do nosso jardim, regar as nossas flores para que cresçam fortes e saudáveis. A vida é um sobre e desce. É um caminho de caras e de nucas. Por isso, devemos ter sempre a coragem de fazer as escolhas certas para termos ao nosso lado os que nos ajudam a superar as dificuldades. E é com eles que devemos celebrar as vitórias, regar o jardim e sentir o perfume das flores.