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O homem entre a frontalidade e a hipocrisia.
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O homem entre a frontalidade e a hipocrisia.

Actualizado 20/11/2016
Miguel Nascimiento

"Para criar inimigos não é necessário declarar guerra, basta dizer o que pensa." Martin Luther King

O homem entre a frontalidade e a hipocrisia. | Imagen 1

A frontalidade é uma virtude ou um defeito? E a hipocrisia é um defeito ou uma virtude? Desde tempos ancestrais que o homem tem partilhado o palco da vida com estas duas características relevantes. A vida pode ser entendida como um amplo palco de teatro no qual representamos diversos papéis. Por vezes, confundimos realidade com ficção e realidade com representação. As linhas que separam estes conceitos são muito ténues. E em determinados momentos da nossa vida não sabemos se somos actores ou se estamos sentados na plateia a assistir à representação do momento. Fui fundado na lógica da frontalidade e sempre abominei a hipocrisia. Cresci assim e reforcei o que sou assim. Perdi sempre mais do que ganhei. E todos sabem do que falo. Às vezes dizer a verdade e assumir a frontalidade das coisas e dos momentos não é a melhor estratégia para seguirmos em frente. A este propósito recordo Martin Luther King "para criar inimigos não é necessário declarar guerra, basta dizer o que pensa." Não podia estar mais de acordo com este grande guerreiro da liberdade e da defesa dos direitos humanos. A idade vai-me recordando todos os momentos em que fui frontal, em disse o que pensava, para depois me exibir a contabilidade dos ganhos e perdas. E o quadro dos resultados parece um campo inclinado. Não podemos confundir frontalidade com agressividade e muito menos com falta de educação. Não devemos ser inconvenientes, sabendo que há limites para tudo. Admito que uma o outra vez possa ter sido mais agressivo que frontal na defesa das minhas ideias, dos meus princípios e valores. A idade vai-nos trazendo equilíbrio e moderação. Porém, o tempo que vai passando não nos pode retirar a essência, o que somos e o que fazemos no caminho da nossa vida. A frontalidade devia ser encarada sempre como um virtude e não como um defeito. Mas sabemos que não é bem assim, principalmente no "reino" da hipocrisia onde ganham os que sabem contornar os obstáculos utilizando as mais tenebrosas estratégias da mentira, da ocultação, da dissimulação e da bajulação. Nesse território absolutamente gelatinoso os hipócritas avançam e os que fazem da frontalidade, franqueza e sinceridade um padrão de vida vão ficando para trás. No balanço que ciclicamente se deve fazer sobre o desempenho das nossas vidas julgo que a frontalidade é, apesar de tudo, o caminho a percorrer para chegarmos ao destino com mais luz, tranquilidade e alegria. Um homem frontal pode ser inconveniente. Mas um hipócrita é sempre um representante dos terrenos resvaladiços onde é preciso ter muito cuidado. Talvez por isso Confúcio tenha dito o seguinte: "foge por um instante do homem irado, mas foge sempre do hipócrita." Não quero ser moralista. Sou o que sou. Com todas as minhas virtudes e defeitos. Porém, acompanho o pensamento de Alexandre Herculano que, apesar da enorme distância temporal tem uma actualidade impressionante: "a hipocrisia, suprema perversão moral, é o charco podre e dormente que impregna a atmosfera de miasmas mortíferos e que salteia o homem no meio de paisagens ridentes: é o réptil que se arrasta por entre as flores e morde a vítima descuidada." Também por isso devemos estar mais atentos e vigilantes. Devemos valorizar a frontalidade, moderando-a para não se tornar agressiva. E no tempo da vida real devemos tirar a máscara para deixarmos de representar o que não somos, ficando o caminho livre para o homem verdeiro que, no meio de todas as suas imperfeições, ofereça sempre uma segurança que não existe no hipócrita. Esse caminho é de grande exigência mas é o mais seguro se quisermos trilhar as veredas da verdade. O escritor norte-americano Nathaniel Hawthorne disse-nos que "ninguém pode, por muito tempo, ter um rosto para si mesmo e outro para a multidão sem no final confundir qual deles é o verdeiro. " Acima de tudo devemos ser verdadeiros connosco para depois abraçarmos os outros com a tranquilidade que emana da nossa confiança de apenas sabermos quem somos.

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