Segundo a Divisão da População das Nações Unidas cerca de 3% da população mundial (200 milhões de pessoas) vive fora do país onde nasceu. Como é óbvio este indicador é obtido através dos registos oficiais. Neste sentido, não abrange as pessoas que vivem num país novo sem a documentação completa, nem engloba os migrantes que diariamente cruzam as fronteiras de todo o mundo.
Este é, por isso, um valor aproximado mas também muito significativo. Hoje, no tempo da globalização e da proliferação das novas tecnologias da informação e comunicação, a população mundial tem maior tendência para se deslocar para fora do seu "chão" e das suas raízes. Por outro lado, as zonas de intervenção militar provocam sempre tragédias. A morte espreita em cada esquina. São destruídas muitas vidas. Os conflitos trazem sempre desgraças e as feridas dos sobreviventes demoram muitos anos a sarar. Por isso, os que podem fogem desses lugares de terror que há muito deixaram de ser seus. Vão à procura de paz e de viver uma vida! Outros, fundamentalmente, por razões de natureza económica, partem para outros destinos à procura do "pão" que alimentará os seus filhos. Vão à procura de uma vida melhor!
A maioria vai à procura de uma vida fugindo da morte mesmo sabendo que a viagem encerra perigos e poderá, talvez, ser a última. Ainda assim, arriscam porque não há nada a perder. São dramas de vida que têm batido à porta da Europa. Mas, mais uma vez a Europa não tem soluções para dar! Muitos outros factores que não cabem neste pequeno texto contribuem para um aumento da mobilidade das pessoas que, fundamentalmente, se concentra nas cidades. Assim, os migrantes de todos os tipos, imigrantes, emigrantes, refugiados, deslocados, trabalhadores convidados e outros têm vindo a tornar-se uma presença significativa nas comunidades de todo o mundo. Este movimento acontece em direção às cidades que assim veem aumentar a sua população. Esta alteração provoca mudanças e modifica os sistemas de domínio económico e político, principalmente nos espaços de maior dimensão.
Os novos habitantes da polis forçam as comunidades de acolhimento a uma reacção que nem sempre acontece da melhor maneira, fruto de muitas circunstâncias, nomeadamente de carácter histórico, político e cultural. Cada cidade e cada espaço urbano constituem situações específicas.
Porém, as políticas públicas, em concreto as que emanam da governação local, têm uma responsabilidade acrescida na forma de acolhimento da mobilidade e respectiva integração na comunidade. A integração dos novos habitantes é um desafio para o poder local. Neste contexto, que na maioria dos casos envolve dramas de vida muito sérios, é preciso que as mulheres e homens da governação local tenham em linha de conta a verdadeira dimensão humana ao mesmo tempo que colocam a razão e o coração nas suas decisões. É preciso definir estratégias de acolhimento que preparem a comunidade para a mudança. Alcançar este patamar não será uma tarefa fácil. Mas, será sempre um caminho de grande crescimento e de grande valorização humanista.
É preciso integrar e não excluir como muitas vezes acontece, gerando "guetos" que, posteriormente, se transformam em autênticos barris de pólvora difíceis de gerir. É preciso ir à procura dos pontos comuns no meio da heterogeneidade, aceitando a diferença. A partir de um processo cuidado de ajustamento a comunidade deve ter a capacidade de olhar para o futuro fazendo somar as energias, competências e potencialidades de todos os habitantes da cidade independentemente da sua origem, religião, cor da pele ou convicção religiosa ou política. Este é um caminho simples? Não, não é! Mas, é o caminho certo e um enorme desafio para os gestores do poder local e para as comunidades que se vão metamorfoseando com esta crescente e multifacetada dinâmica demográfica. Uma cidade não deve nunca perder a sua matriz identitária mas, ao mesmo tempo, também deve saber beber da sua própria história para melhor compreender que o caminho foi sendo alterado durante séculos à medida que uns povos chegavam e outros partiam.
A essência do lugar foi construída com a genética de todos os que cruzaram um determinado lugar. Os líderes municipais que souberem interpretar a mudança estarão em melhores condições para gerir a heterogeneidade das suas cidades. Estarão em condições de ajudar a promover uma comunidade mais forte, coesa e solidária que partirá, sem dúvida, com mais confiança para alcançar os desafios do futuro e ao mesmo tempo consolidar o desenvolvimento económico e social.
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