É preciso sacudir a terra!

Quero partilhar convosco uma pequena história. Um dia, o burro, propriedade de um camponês, caiu num poço. O burro não ficou ferido mas não conseguia sair dali. O animal impacientou-se. Zurrou durante horas. O camponês tentou tirá-lo do poço mas sem sucesso. Entretanto, e depois de muitas horas de esforço, o camponês tomou uma decisão cruel: optou por tapar o poço com o burro lá dentro, uma vez que o animal já estava velho e poço seco. Entendeu que não valia a pena tanto esforço para resgatar um burro velho de um poço seco. Por isso, chamou os vizinhos para o ajudarem a deitar terra para dentro do poço no sentido de o tapar e resolver o problema. O burro percebeu o que estava a acontecer. Zurrou ainda mais! Entretanto, os vizinhos começaram a deitar terra para dentro do poço. Mas, passado algum tempo, o burro parou de zurrar.

O camponês olhou então para o interior do poço e ficou surpreendido com o que viu. A cada punhado de terra que caía em cima do animal este sacudia-se e dava um passo sobre a que caía ao chão. Assim, à medida que os vizinhos atiravam terra para dentro do poço o burro ia subindo até que conseguiu sair do poço e ir à sua vida. O burro foi sacudindo a terra e conseguiu ultrapassar este grande obstáculo apesar de o camponês ter desistido de o salvar! Esta é uma história antiga mas repleta de grande significado e, acima de tudo, muito actual. A vida atira-nos muita terra para cima, principalmente se estivermos no fundo do poço! Por vezes, perante os problemas não encontramos ninguém que nos ajude mas, precisamente ao contrário, encontramos os que desejam atirar-nos ainda mais terra para cima! Porém, na maioria dos casos os problemas tornam-nos mais fortes! O que verdadeiramente importa para sairmos do poço é sacudirmos a terra que levamos nas costas e conseguirmos dar um passo sobre ela.

Cada problema faz-nos elevar um pouco mais! Fortalecemos o espírito e o caminho é feito a subir, a cada degrau, e sempre a sacudir a terra! Por outro lado, esta história diz-nos, de forma muito clara, que não podemos desistir das coisas e seguir pelo caminho mais fácil. Não nos podemos deixar vencer perante as adversidades da vida. Devemos utilizar as pazadas de terra que, com frequência, atiram para as nossas costas para podermos seguir em frente. Ultrapassando obstáculos, um a um, seremos cada vez mais fortes e confiantes. Quando chegamos ao cimo do poço rejubilamos com a prova superada e aí aprendemos a noção da humildade, da prudência, da ponderação e da tolerância. A felicidade está no cimo do poço e depois de termos percorrido um caminho difícil em que fomos sacudindo a terra. Aí, no cimo do poço, percebemos que temos de oferecer mais e esperar menos. Aí, no cimo do poço, devemos esvaziar o ódio do nosso coração e enchê-lo de amor para alcançarmos a paz interior e a felicidade. Mas, para chegarmos ao cimo do poço é preciso ultrapassarmos os obstáculos que a vida nos coloca. Temos que sacudir a terra que nos atiram para cima e utilizarmos cada dificuldade para nos elevarmos, chegando mais alto, à suprema humildade e ao enorme prazer das coisas simples da vida!