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A vida entre a razão e o coração
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A vida entre a razão e o coração

Actualizado 27/06/2015
Miguel Nascimiento

A vida passa a correr. É um instante. Hoje corremos mais do que nunca. Estamos sempre sem tempo e a correr de forma desenfreada. Muitas vezes corremos sem destino. Corremos porque sim e também porque todos os outros correm. As novas tecnologias da informação e comunicação incorporaram-se na nossa vida como se fossem extensões do corpo. Com a maximização da sua utilização fazemos mais coisas em menos tempo. Com isso, devia sobrar-nos mais tempo para o gastarmos noutras coisas de maior valorização e realização pessoal. Mas, ao invés, corremos ainda mais e temos ainda menos tempo livre! Não temos tempo para nada! Estamos sempre com pressa de chegar a lado nenhum.

Quando acontece alguma coisa tudo pára! Deitados numa maca ou na cama de um hospital temos todo o tempo do mundo para pensarmos na nossa vida. O céu azul que temos a oportunidade de contemplar todos os dias passa a uma cor branca, que nos dá paz e tranquilidade (não é por acaso que o branco é a cor dominante nos hospitais e instituições da área da saúde) e, ao mesmo tempo, uma sensação de ansiedade e impotência porque não podemos sair dali e contemplar o céu. Nesse instante e em conformidade com o nosso estado de saúde revemos o filme da nossa vida. Pensamos no que fizemos de bem e de mal.

Pensamos, acima de tudo, no que deixámos de fazer! Nesse espaço de amarras e quase sempre de grande dor e sofrimento há tempo para tudo e todos têm tempo para nós. Levam-nos flores, livros, mimos e afectos. Antes de uma doença surgir não havia tempo para nada, nem para um café. Agora tudo vai ao hospital mas a qualidade do tempo não é a mesma. Muitas vezes, já não se vai a tempo! A visita a um doente num hospital cumpre uma ritualidade mas está fora do tempo dessa pessoa que, por sua vez, pode estar entre a vida e a morte. Quando nos acontece alguma coisa ou aos que nos são próximos os sinos tocam a rebate e ecoam na nossa cabeça! Sobretudo, pensamos que devíamos ter uma outra postura perante a vida. Devíamos passar mais tempo com determinada pessoa e dizer muitas vezes quanto gostamos dela e quanto a amamos. Quando parte alguém dos nossos ? é parte de nós que também morre. Ficamos mais pobres e mais infelizes! Ficamos com as memórias e sobretudo com o pensamento do que não fizemos com essa pessoa, esse familiar ou amigo. A vida balança entre a razão e o coração. Precisamos destes dois pilares na nossa caminhada. A racionalidade é um farol que nos ilumina. Mas é o coração que lhe dá intensidade! E o coração pede-nos, todos os dias, para valorizamos as coisas boas que a vida nos dá. A vida coloca-nos à prova! Enche-nos de problemas! Mas, uma das grandes condições da vida reside, precisamente, na nossa capacidade de superarmos esses problemas.

Por isso, entre a razão e o coração devemos olhar para o céu azul e para o seu reflexo no mar, contemplar as flores do campo e a beleza das montanhas. O coração pede-nos que olhemos as pessoas nos olhos para as beijarmos e abraçarmos com a intensidade que merecem! Como alguém me disse uma vez "não é por muito correres que amanhece mais depressa!" Aprendi a medir o tempo e a deixar espaço para a qualidade dos meus dias. Nem sempre consigo alcançar essa tarefa porque a minha dimensão humana respeita muito a arte de falhar. Mas, apesar de todas as imperfeições, tento dar qualidade ao tempo dos meus dias porque gosto de viver a vida e saboreá-la em toda a sua dimensão. Há dias em que só há coração. Noutros a razão domina. Noutros ainda não há nem uma coisa nem outra. Mas, o caminho é mesmo assim. A importância não está na chegada mas na aventura do seu percurso. As pequenas coisas são quase sempre as mais belas. É nelas que mora o coração! E é por elas e por todos os que partilham a nossa vida que devemos ganhar tempo e investir na qualidade dos afectos. Às vezes é preciso deixar a razão de lado para assumirmos que é o nosso coração que está ao leme desta extraordinária viagem que é a nossa vida!

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