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Os últimos dias do calendário
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Os últimos dias do calendário

Actualizado 29/12/2019
Miguel Nascimento

Os últimos dias do calendário | Imagen 1

Aqui estamos nós no tempo derradeiro deste ano. No fim de um ciclo que termina e na esperança de encontramos caminho para um novo tempo que agora começa. Atravessamos a ponte que o calendário proporciona. Fazemos balanços e projectamos futuros. Tomamos as habituais resoluções que apenas se concretizam ao nível das décimas. Nada com substância, portanto. É o calor da emoção da passagem de ano que nos lança em águas proféticas como se tudo dependesse dos desejos que formulamos enquanto engolimos as passas milagreiras. Olhamos para cima, para a lua, acompanhada ou não de fogo-de-artifício e pedimos, ardentemente, que tudo se transfigure para melhor como se tudo se resumisse a um passe de mágica. Entretanto, as doze badaladas acontecem, iniciando um novo calendário. Nos primeiros dias do ano e passado o fulgor das festas começamos a perceber que a rotina voltou ao seu lugar natural. Os dias seguem iguais ao que eram antes. E noite após noite tudo se materializa na continuidade. Os desejos formulados e as resoluções tomadas fogem-nos como o gás do espumante ou do champanhe. Tudo não terá passado de uma noite de ilusão ainda assim extraordinária para celebrar a normalidade e o descanso do guerreiro. Ao longo do ano vamos, aqui e ali, voltar à geografia prometida em noite de estrelas e foguetes, para tentarmos mudar o rumo que há muito continua o seu curso num ritmo lento e regular. Se quisermos continuar neste registo não precisamos de formular desejos à espera que a normalidade aconteça porque ela vai acontecer, de igual modo, com ou sem resoluções tomadas. Miguel Torga ensinou-nos, no tempo certo, que o "destino destina e o resto é connosco." É precisamente esse resto que importa! É essa parte da história que nós precisamos de escrever pelo nosso punho. E isso não se faz com desejos. Faz-se com acções e com mudanças de atitude. É aí, nesse campo difícil, que devemos depositar a nossa convicção e, sobretudo a nossa vontade, de fazermos pela mudança. E para fazermos mudanças devemos começar por nós e por tudo o que é mais difícil de contrariar. Só contrariando a rotina podemos seguir para outras geografias, naturalmente mais desconhecidas, desconfortáveis e talvez medonhas, mas também mais interessantes para todos os que ousam atravessar o que parecia intransponível. Às vezes, os muros e os limites das fronteiras são construídos apenas por nós dentro das nossas cabeças. Neste sentido e se desejarmos verdadeiramente que os nossos sonhos se concretizem, devemos aproveitar estas noites de luar e de passagens para avançarmos para a outra margem do rio e, sem medo, desenharmos os caminhos que queremos trilhar. Se assim fizermos teremos, pelo menos, um rumo, por mais difícil que seja o seu trajecto. Se assim fizermos teremos apenas duas certezas: a primeira é a de contarmos com uma rota para ser seguida. E a segunda é de que nada será fácil. E se não conseguirmos chegar ao fim da viagem pelo menos ficamos com o conforto de termos dado mais oportunidades à nossa racionalidade do que às circunstâncias do destino. Em todo o caso continuaremos a tentar este ou outros caminhos. Se conseguirmos alcançar o que desejámos, ficamos mais confiantes para traçar novas metas e novos rumos, provavelmente ainda mais ousados e felizes. Neste tempo de festa e de passagem devemos olhar para o alto e pedir ajuda. Mas devemos pedir apenas que nos concedam saúde e força para fazermos o resto que o destino não nos destinou. Neste tempo de passagem façam o favor de acreditarem nas vossas capacidades para seguirem em frente à conquista dos vossos sonhos!

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