Quando nos referimos a palácios visualizamos de imediato estruturas sumptuosas e de grande dimensão, habitadas por elites e exibidas com símbolos de poder. Os palácios acompanham o nosso imaginário desde sempre, com histórias de reis e princesas, e também como espaços de afirmação de regimes políticos. Há sempre muito para dizer e escrever sobre palácios e quem os habita. Porém. há dias, tive a felicidade de ser confrontado com outra perspectiva sobre esta temática, referenciada por Eric Klinenberg: “Palaces for the People”.
Neste livro o sociólogo americano estimula o debate sobre a importância do espaço nas dinâmicas sociais, elegendo as infraestruturas colectivas como “palácios do povo”. Para Klinenberg “Quando a infraestrutura social é robusta, promove o contato, o apoio mútuo e a colaboração entre amigos e vizinhos; quando se degrada, inibe a atividade social, deixando famílias e indivíduos à própria sorte.” É justamente por isso que as bibliotecas, museus, colectividades, recintos desportivos, igrejas e outros espaços de culto, são espaços-chave da vida coletiva e da coesão social da nossa comunidade. Sobretudo nos territórios da interioridade cujos efeitos da sangria populacional vão deixando marcas terríveis na degradação e abandono destes palácios do povo.
Por isso é necessária uma nova consciencialização de políticos e outros decisores públicos para a importância desta questão. As geografias de baixa densidade precisam de gente com luz que dinamize a comunidade na defesa dos seus palácios, das suas infraestruturas sociais, para que a igualdade aconteça e a democracia não esmoreça. Os palácios do povo são lugares democráticos e de acesso livre e igual para todos. São espaços de resistência e de construção de comunidades coesas e fraternas. Precisamos deles, quais geografias de liberdade, para que as aldeias dos nossos territórios da interioridade continuem a ter vida e, sobretudo, futuro.