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Os dias incertos
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Os dias incertos

Actualizado 09/08/2020
Miguel Nascimento

Os dias incertos  | Imagen 1

Quando a idade avança adquirimos mais experiência e conhecimento. Por isso, temos cada vez menos certezas e as dúvidas alcançam a nossa própria dialéctica com mais frequência. Olhamos para a frente com o peso do passado nas costas. Não é um fardo. É a história do caminho andado. É a luz que ilumina o percurso que procuramos todos os dias. O tempo avança sobre nós sem quartel. A nossa existência vai-se esgotando à nossa frente como uma vela que se consome lentamente através do pavio que juntará a cera numa base de silêncio e escuridão. Por termos mais dúvidas do que certezas também vamos tendo menos entusiasmo e a vontade de novas aventuras vai-se perdendo paulatinamente.Talvez seja este o início do caminho da velhice ou, pelo menos, a consciência da incerteza dos dias, nomeadamente num tempo em que tudo parece demasiado confuso e desconcertado. Perante este cenário perguntarmo-nos vezes sem conta o que fazer? Sim, o que fazer com alguma experiência e conhecimento perante a rotina dos dias incertos que vieram povoar as nossas comunidades? Desistimos e ficamo-nos pelas conversas infinitas com os nossos botões ou lançamos a esperança que nos resta para a demanda que não deixaremos de empreender? Vamos ou ficamos? Se ficarmos não teremos mais desilusões. Se avançarmos sabemos que, com grande probabilidade, elas irão acontecer. Para além disso os dias incertos que vivemos promovem o acantonamento. Não convidam à agitação. Não estimulam as aventuras e as viagens sem destino previamente traçado. Porém, apesar de tudo indicar o contrário, é precisamente agora que devemos lançar-nos a todos os sonhos perdidos e desejos inconfessáveis. É agora que temos de partir para o futuro desenhando-o em andamento como se estivéssemos a desbravar mato para abrirmos novas passagens. Os dias incertos precisam, mais do que nunca, das nossas poucas certezas e de toda a nossa experiência que possamos carregar no alforge. O resultado do nosso impulso pode não ser bom, como tem acontecido tantas vezes. Mas, a tranquilidade regressará sempre ao nosso regaço para celebrar a nossa inquietação permanente. Se formos nunca derramaremos lágrimas por não termos ido. Se formos voltaremos a ser nós no caminho sempre em construção até que a vela de apague de vez. Os dias incertos precisam de nós e nós precisamos da vida que a incerteza nos dá para nos sentirmos vivos! Vamos a isso que se faz tarde.

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