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A ideologia da oportunidade
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A ideologia da oportunidade

Actualizado 01/11/2020
Miguel Nascimento

A ideologia da oportunidade  | Imagen 1

O eterno debate ideológico sobre a dicotomia esquerda-direita ganha, de vez em quando, novo fôlego. A discussão sobre esta matéria está sempre presente nas geografias políticas, pelo menos de forma implícita. Há alturas em que a questão ideológica é menos vincada e outras em que é exacerbada. Sempre considerei a ideologia uma base muito importante da acção política desde que, no limite, não impedisse o diálogo e a construção de pontes de actuação com quem pensa de forma diferente. A democracia é o palco por excelência da actuação da dialéctica ideológica. É o território da afirmação de caminhos que melhorem a vida das pessoas e das comunidades que habitam a partir de uma determinada forma de se olhar e entender o mundo. A ideologia, desde que não seja extremista, é fundamental para a consolidação das bases da actuação política. Com pragmatismo, muitos dirão que na realização de muitas actividades políticas a ideologia importa pouco na medida em que a catalogação esquerda-direita não tem influência na forma como as coisas acontecem. Porém, apesar do necessário pragmatismo na resolução dos problemas que afectam a vida das pessoas, somos conscientes do caminho ideológico que foi percorrido a montante na construção de uma determinada solução governativa, por exemplo. Neste percurso encontram-se os partidos e todos os seus enquadramentos ideológicos. A discussão das suas ideias e propostas faz acontecer a democracia e proporcionar opções alternativas aos cidadãos na hora das suas escolhas. A ideologia é importante na medida em que é fundacional e estruturante. Onde não há ideologia há espaço para a instalação de todo o tipo de oportunismos. Há muitos, dentro e fora dos partidos, cuja ideologia é a "oportunidade" . Os que não têm convicções ideológicas não se preocupam com posicionamentos de esquerda ou de direita. Para eles é tudo igual desde que consigam penetrar nas estruturas e furar caminho que os leve ao poder. E, curiosamente, vão conseguindo os seus objectivos na medida em que não estão agarrados a nada e muito menos a ideologias. Dizem às pessoas o que em determinado momento querem ouvir. Fazem tudo para agradar a este ou aquele grupo mesmo que se encontrem em permanente contradição. Vão andando. Vão trepando. Vão subindo a escada do partido e da vida. São amados porque não são verdadeiros. Adaptam-se às circunstâncias. Ocupam espaços momentaneamente vagos. Agarram-se a tudo como podem. São falsos e julgam-se livres porque, precisamente, não têm amarras ideológicas. Também por isso não têm limites. São perigosos. Minam os sistemas que demoraram muito tempo a serem construídos. Derrubam valores ancestrais para alcançarem as seus fins, ou seja o poder. Nos dias que correm, mais do que nunca, precisamos de combater, com todas as nossos forças, os que pensam que a ideologia é a oportunidade. Só assim teremos um futuro democrático, livre, igual e justo, mesmo que o nosso sistema seja tão imperfeito como a nossa condição humana; daí a sua riqueza.

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