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Ajudemo-nos!
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Ajudemo-nos!

Actualizado 29/03/2020
Miguel Nascimento

Ajudemo-nos! | Imagen 1

Por estes dias, o medo e a ansiedade tomam conta nós. Olhamos para os gráficos da televisão e somos confrontados com o que há muito sabíamos: esta pandemia do Covid 19 é uma coisa muito séria! É uma coisa que mata e que leva os nossos! É uma coisa que nos pode levar se não tivermos cuidado e sorte! Estamos todos mergulhados neste sofrimento colectivo e nesta angústia, mas sempre com uma reserva de esperança e confiança no tempo bom que chegará aí, ao virar da esquina, qualquer que ela seja. Esperamos, desesperamos e ansiamos pela sineta que nos faça acordar do pesadelo que todos juntos estamos a viver. Este tempo de trevas e de escuridão também fazer emergir o que há de pior e melhor em nós. Neste como em tantos outros momentos da nossa caminhada, procuro valorizar o que é positivo em detrimento de tudo o que é agoirento e negativo. Hoje, mais do que nunca, valorizo a amizade e os amigos verdadeiros que fazem da nossa vida um tempo de luz, de alegria e de prazer incomensurável. Um deles, dos que são verdadeiros, deu-me conta de uma história que envolveu a conhecida antropóloga norte-americana, Margaret Mead. E essa narrativa que passo a citar, diz-nos o seguinte: "Há muitos anos, um aluno perguntou à antropóloga Margaret Mead o que ela considerava ser o primeiro sinal de civilização. O aluno esperava que Mead falasse qualquer coisa a respeito de anzóis, panelas de barro ou pedras de amolar. Mas não. Mead disse que o primeiro sinal de civilização numa cultura antiga era um fémur quebrado e cicatrizado encontrado numa estação arqueológica com 25 mil anos. Mead explicou que no reino animal, se quebrarmos uma perna, morremos. Por isso não podemos correr o perigo de irmos até ao rio para bebermos água ou caçarmos comida. Nessa dificuldade transformamo-nos em carne fresca para os predadores. Ou seja, nenhum animal sobrevive a uma perna quebrada por tempo suficiente para que o osso possa sarar. Nesta sequência, um fémur quebrado que cicatrizou é a maior evidência de que alguém teve tempo para ficar com aquele que caiu, tratou da ferida, levou a pessoa até um local de segurança e cuidou dela até que se recuperasse. Ajudar alguém durante a dificuldade é onde a civilização começa, concluiu a professora e Antropóloga Cultural Margaret Mead". Agradecendo a este meu amigo mais uma lição de vida digo-vos que, neste tempo que vivemos, o que verdadeiramente importa é cuidarmos uns dos outros para continuarmos a consolidar e a aprofundar os sinais civilizacionais que fundaram a nossa condição humana. Perante as dificuldades e seguindo o instinto de sobrevivência, muitos de nós procuram correr sozinhos, fugindo deste vírus como podem, largando todas as amarras que os prendem aos outros. Esse comportamento, como se infere desta grande lição, está profundamente errado. Este é o tempo de estarmos juntos e de nos ajudarmos até ao limite das nossas forças, seguindo o extraordinário exemplo dos médicos, enfermeiros, auxiliares de saúde, forças de segurança, exército, camionistas, trabalhadores dos mini-mercados, pequenas e grandes superfícies, padarias e farmácias, entre tantos outros exemplos que aqui podia enumerar que, apesar do medo e da ansiedade que sentem, continuam a trabalhar para que não nos falte nada, a começar pela saúde até à satisfação das nossas necessidades básicas. Por eles, por nós e pelo futuro da humanidade devemos escutar os ensinamentos desta antropóloga para não deixarmos ninguém para trás e cuidarmos de todos e, sobretudo, dos que estão mais frágeis! Neste tempo de trevas temos que ter respeito por todos, fazendo, em primeiro lugar, o que cada um de nós deve fazer, para não colocar a sua vida e a dos outros em perigo! Depois, mais do que nunca, devemos ajudar não deixando de cuidar de quem precisa de auxílio, nomeadamente os que estão mais frágeis e que ao longo de toda a vida cuidaram de nós, com muito carinho e afecto. Este não é um tempo de abandonos nem de fugas. Este é um tempo de luta, de batalha e do estabelecimento de cadeias de solidariedade. Neste tempo duro e de grande inquietação há muita coisa em causa. Para além de todos os conceitos que esta minha última frase podia incluir e que não vou aqui explanar por falta de espaço, resta agarrarmo-nos ao que verdadeiramente importa: a vida e a civilização! E para que estas duas condições possam ser cumpridas não podemos deixar ninguém sem cuidados, sem apoio e sem esperança. A civilização somos nós! Façamos dela a ponte entre o presente e o futuro, sem deixarmos que o coração comande tudo o que houver para comandar! Sim, ajudemo-nos! É o que temos que fazer, agora e sempre!

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