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O caminho dos Reis Magos e a "cidade do Pão"
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O caminho dos Reis Magos e a "cidade do Pão"

Actualizado 08/01/2017
Miguel Nascimiento

O caminho dos Reis Magos e a "cidade do Pão" | Imagen 1

Na sexta-feira foi dia de Reis. Fechou-se o ciclo do Natal. A celebração deste dia acontece de uma forma mais discreta em Portugal do que em Espanha. Na geografia lusa cumpre-se a tradição e assinala-se o simbolismo deste dia. Come-se o bolo-Rei e os bagos da Romã. Deseja-se saúde e prosperidade. Desmontam-se as Árvores de Natal e os Presépios. Cantam-se as Janeiras. Em Espanha a data tem uma força extraordinária. A noite de Reis é, acima de tudo, mais uma festa da família e em especial das crianças. É um tempo aguardado com muita expectativa e ansiedade pelos mais pequenos. É tempo de presentes, brinquedos e muitas guloseimas. É um tempo doce que povoa o imaginário da infância que se deseja sempre repleta de felicidade e alegria. Há muita magia no ar e muita energia partilhada. Nas duas geografias da Ibéria celebra-se este dia de forma diferente e com envolvimentos diversos, mas o sentido comum mantém-se unido na diversidade da celebração. Afinal as festas acabam neste dia, iniciando-se um tempo novo em que a magia adormece e a dura realidade dos dias correntes retoma o seu lugar. Foi um tempo de pausa que agora volta a dar lugar à agitação de sempre. Para uns foi o recarregar de baterias e a promoção dos afectos. Para outros foi o acentuar das angústias e das privações da materialidade e da espiritualidade. Estes são sempre tempos de contrastes e de grandes assimetrias. Durante estas extraordinárias celebrações de luzes e cor que as festas de Natal sempre proporcionam, devemos guardar um tempo, ainda que seja breve, para conversarmos "com os nossos botões" no sentido de aprofundarmos o verdadeiro significado do nosso caminho para além do brilho fugaz das estrelas que abrilhantam os espaços comerciais, as nossas casas e todos os lugares de encontro. Para além de todo o encanto e beleza que este tempo nos confere e que, naturalmente, merecemos festejar e celebrar devemos tentar acompanhar, dentro do possível, o caminho de sabedoria e humildade que os Reis Magos realizaram. Tal como eles, devemos ter a capacidade de saber interpretar os sinais que nos vão surgindo no caminho e seguirmos a estrela que comanda a nossa vida. Como se sabe, ao longo deste tempo milenar a presença dos "Reis Magos" na adoração ao Menino Jesus acabado de nascer mergulhou sempre em contradições e em diferentes versões deste quadro de grande referência humanista. O estudo e a fé fizeram o seu caminho. Para o nosso mundo ocidental existem quadros físicos e mentais que a história ajudou a consolidar em cima da referência que deles faz o Evangelho segundo S. Mateus. Muitos questionaram se os reis eram verdadeiramente reis, se vieram do oriente ou de outras geografias, se eram três ou mais e se tinham a mesma nacionalidade ou origens diferentes, bem como idades quase à escolha do "freguês". Não quero, nesta breve reflexão, explorar esse caminho. Deixo esse terreno para os teólogos, historiadores e investigadores destas matérias. Apenas desejo recuperar a ideia dos três Reis Magos que podiam ser magos porque eram sábios, conheciam a astronomia e, acima de tudo, sabiam interpretar os sinais. Estes reis representam, na minha opinião, todas as idades e culturas do homem, vieram de longe reconhecer o verdadeiro rei que nasceu num quadro de grande humildade precisamente para nos dar esse primeiro sinal. Depois, assinalar a perseverança, resistência e paciência destes Magos que quiseram cumprir um propósito de largo espectro e alcance, promovendo uma viagem longa e difícil seguindo uma estrela que lhes iluminou o caminho. Se eram homens de ciência eram também homens de fé que souberam cruzar os dois caminhos para, com diálogo e uma extraordinária capacidade de discernimento, seguirem a luz até ao final da jornada que, no fundo, seria apenas o início de um novo caminho e de um tempo novo. O menino foi adorado por Reis Magos que vieram de longe e que o reconheceram como Rei dos Judeus, oferecendo-lhe ouro, incenso e mirra. Vieram de longe para identificar e reconhecer quem não conheciam mas que acreditavam ser aquele, como diziam as profecias, que viria ao mundo para nos salvar a todos, independentemente da cor da nossa pele, condição económica ou origem. Os Reis Magos seguiram a luz até Belém, a "cidade do pão". E não deverá ser assim tão relevante se encontraram o Menino-Jesus na noite em que ele nasceu ou passado algum tempo. O que verdadeiramente importa é que não desistiram do seu propósito de seguirem a luz que lhes iluminou o caminho e depois deles toda a humanidade. E é essa lição de verdadeira determinação e humildade que importa reter. E é a essa verdadeira epifania a que eu me quero agarrar sempre para poder comer os caramelos, o bolo-rei ou os bagos da romã com todo o prazer que puder, dar e receber presentes, mas tendo sempre presente que a vida é uma busca interminável pela luz que deve iluminar o nosso espírito e, sobretudo, o nosso coração.

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