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O tempo de todas as incertezas.
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O tempo de todas as incertezas.

Actualizado 24/07/2016
Miguel Nascimiento

O tempo de todas as incertezas. | Imagen 1

Vivemos num tempo de poucas certezas. Tudo muda a uma velocidade vertiginosa. A mudança parece ser a coisa mais certa num cenário de incertezas. Parece que tudo foge do seu lugar natural. Todos gostamos de segurança. Sentimo-nos bem como ela. Procuramo-la a todo o instante. Mas ela vai-se perdendo. O nosso caminho acontece num trajecto de incertezas. O que ontem era uma verdade inabalável hoje ou amanhã farão parte das coisas mais inconsistentes. Temos medo, claro! Uma parte significativa da nossa identidade repousa no domínio das certezas. A outra parte de nós, provavelmente a mais interessante, reside no nosso lado aventureiro e naquele que está mais disponível para escutar o sussurro da incerteza. Aliás, como nos disse Oscar Wilde "é a incerteza que nos fascina. Tudo é maravilhoso entre brumas". Mas é preciso saber lidar com essa geografia tão extraordinária que vive sempre no lado mais fundo da nossa intimidade. Nem todos estão preparados para isso! A procura das certezas é uma atitude normal de todo o ser humano. Precisamos delas para validarem os nossos comportamentos. Muitas vezes temos dúvidas sobre isto e aquilo e não sabemos se nos encontramos no caminho certo para este ou aquele destino. É por isso que também muitas vezes precisamos do conforto de uma verdade insofismável para encaixarmos nela os nossos padrões de pensamento e sobretudo de comportamento. Precisamos de em linha com os outros para cumprirmos o desígnio de Rousseau deixando à sociedade todo o espaço de condicionamento em relação às atitudes de cada um de nós. Ousamos pouco, infelizmente! Pensar fora da caixa leva-nos para exercícios pouco confortáveis. Coloca-nos à prova. É uma tarefa que exige muito de nós. Preferimos sempre a água que o rio leva na corrente. É para ali que a água corre. Basta seguirmos o seu sentido, dizemos tantas vezes. Mas, neste tempo de todas as incertezas começamos, paulatinamente, a perder o sentido e aquilo que pensamos ou fazemos começa a encontrar menos correspondência nas coisas que até então eram consideradas inabaláveis. Kant dizia que se podia avaliar a "inteligência de um indivíduo pela quantidade de incertezas que ele é capaz de suportar". Concordo. A incerteza dá muito trabalho, sobretudo ao pensamento. Porém, o que dizer às incertezas de todos os dias que os cidadãos têm de enfrentar. A vida hoje está repleta de dificuldades e incertezas. É preciso muita criatividade para se contornarem os obstáculos do caminho. E talvez seja necessária mais inteligência para se combater ou entender tanta incerteza! Hoje, mais do que nunca, precisamos de aprimorar os sentidos para olharmos para a água que o rio leva na corrente e construirmos cenários alternativos para além daquele que se apresenta diante dos nossos olhos. Seguir a corrente é sempre a atitude mas simples e óbvia. Mas quantas vezes não temos que remar contra a corrente para não deixarmos de ser nós? Para isso é preciso muito esforço e também muito sofrimento. Mas nada disso se pode comparar com a alegria e a honra de sermos nós mesmo no meio de todas as nossas incertezas. Também não sei se a incerteza nos fascina ou se é uma absoluta necessidade nestes tempos que vivemos. Há brumas no horizonte, com e sem encanto. Porém, é entre elas que temos que fazer passar o barco das nossas vidas. A viagem tem sempre os seus perigos. Por isso, há sempre aqueles que não saem do cais e passam a vida a contar histórias dos outros como se, em segurança, quisessem viver as vidas pelas quais não arriscariam um cabelo. Aqueles que vão entre brumas e navegam em mares de incertezas têm muitos defeitos, nomeadamente o espírito aventureiro qual sangue que lhes corre nas veias. Sabem que podem falhar ? e até morrer. Às vezes, os mares apresentam maiores desafios do que as frágeis embarcações que levam podem suportar. Mas, apesar de todas as dificuldades que sabem existir para lá das brumas atrevem-se a ir, rejeitando a repetição dos dias de uma quase vida. Esses não contam as histórias. Vivem-nas na primeira pessoa. São os seus protagonistas. Navegam no mar de todas as incertezas mas são felizes porque acreditam sempre que para lá das brumas existirão sempre raios de sol para iluminar os dias de outras tantas viagens!

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