OPINIóN
Actualizado 14/12/2025 09:17:16
Miguel Nascimento

Seguimos no caminho. Resilientes e determinados, esperando e desejando que a saúde não nos falte. Já passámos por muito! Não sabemos o que nos espera ou o que ainda vamos passar. Estamos apenas convictos que os nossos valores são a nossa maior fortaleza e também que a esperança que carregamos na viagem é e será sempre a luz do caminho.

Não desistimos perante as adversidades. E são muitas! São elas que nos moldam o carácter. Há dias negros e tempos difíceis. Mas acreditamos sempre nos amanhãs de todas as esperanças que possam virar páginas para tempos de outra tranquilidade. Todos temos direito a isso! Como referiu Nelson Mandela, “a coragem não é a ausência do medo, mas a capacidade de o vencer”. É também por isso que avançamos e seguimos em frente.

As turbulências, às vezes em demasia, são pilares que testam a nossa resiliência. Fustigam-nos até percebermos que os caminhos errados em que nos metemos não são condição de futuro. Na palavra de Albert Camus, “no meio do inverno aprendi que havia em mim um verão invencível” — essa força íntima que nos empurra para a frente mesmo quando tudo pesa.

A nossa bonomia e disponibilidade do coração promovem fragilidades, infelizmente. Há sempre quem esteja disponível para se aproveitar disso, descartando e pisando todos os que se intrometerem no caminho, ainda que involuntariamente. Quem se sente bem e está sereno, apesar das dificuldades da viagem, não consegue pensar mal e muito menos fazer mal. Mas quem é pequeno, não de estatura física, mas de dimensão moral, está sempre pronto para aproveitar as “nuances” e as pequenas janelas de oportunidade para trair e avançar, mesmo que despedindo, a cada curva, amizades aparentemente sólidas e duradouras.

A gente de alma pequena diminui a comunidade. Diminui-nos porque nos engana. Diminui-nos porque não favorece a bondade que floresce livre nos campos da humanidade. Diminui-nos porque promove o arrepiar de caminho e também todas as incertezas e hesitações. Diminui-nos porque não soma, exclui.

Mesmo assim, apesar de todas as maçãs podres, acreditamos que tudo vale a pena para salvarmos as restantes do cesto, concedendo-lhes o futuro a que têm direito. Magoamo-nos e desiludimo-nos tantas vezes. Seguimos combalidos no caminho. Vamos em frente apesar de tudo. O avanço da idade vai substituído a emoção pelo calejamento da experiência. E essa competência adquirida na bruma dos tempos ajuda-nos a caminhar na estrada que existe para andar, apesar de tudo e de todas as coisas más que nos vão acontecendo.

Mesmo assim, perante um mar de adversidades, seguimos. Seguimos sem hesitar e sem deixar de acreditar na humanidade e na luz que podemos e devemos transmitir aos outros. A alegria e a luminosidade essencial devem permanecer para ajudarem a atravessar a escuridão. Na verdade, são a esperança do resgate daquela inclinação física e emocional. Salvemo-nos das trevas em que tantas vezes caímos. Mas façamo-lo de mãos dadas e em absoluta fraternidade. Como escreveu Antoine de Saint-Exupéry, “o essencial é invisível aos olhos” — e é isso que nos une quando tudo o resto falha. E nessa frase de grande dimensão humanista está tudo dito e escrito. Continuemos que a luz do caminho fará o resto.

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