A exigência da vida cansa-nos. Mais do que a nossa exausta condição física é, por vezes, a nossa alma cansada que exige repouso e isolamento. De vez em quando precisamos de nos afastar dos outros, não por estarmos zangados ou irritados com eles, mas para nos darmos um descanso. Depois de muitas voltas e reviravoltas e outras tantas subidas e descidas das montanhas, a nossa alma cansada exige pausa e isolamento. É aí que mergulhamos na caverna, no nosso refúgio, para longe da agitação dos dias podermos pensar nas coisas e recarregar baterias. Reforço esta ideia com as sábias palavras de Ernest Hemingway: “ o nosso distanciamento das pessoas não significa ódio ou mudança.
O isolamento é o lar das almas cansadas.” Devemos demorar-nos no tempo da reflexão sobre o caminho , permitindo-nos contemplar com distanciamento a razão que tantas vezes o coração não separa. A nosso humana dimensão convoca-nos para a entrega às pessoas e às causas em que acreditamos. Não raras vezes somos enganados e feridos apenas por acreditarmos em princípios e valores, entendendo, ingenuamente, que eles são justamente aplicados entre pares com justiça e equilíbrio.
As batalhas, sobretudo se forem demasiadas, ferem-nos e cansam-nos. Nos ciclos de maior exaustão devemos criar pausas no combate para nos revigorarmos, deixando que o cosmos coloque tudo no seu lugar. Às vezes só precisamos de respirar e descansar um pouco para recuperamos o fôlego. Depois, no tempo que entendermos adequado, deixaremos o refúgio da caverna para regressarmos ao caminho e às batalhas que temos que enfrentar.
Mas, mesmo aí devemos entender, como nos diz o actor Viggo Mortensen, que “a vida nem sempre é uma batalha a ser vencida, às vezes é um rio que tem que se aprender a navegar.” Aproveitemos o tempo para nos deixarmos levar pela brisa suave que sopra em direção à foz. Não temos pressa. Apenas contemplamos o horizonte e tudo os que as margens do rio nos oferecem. Tudo está certo e perfeito.