OPINIóN
Actualizado 27/04/2025 08:15:01
Miguel Nascimento

Hoje em Portugal celebramos o 51. aniversário do “25 de Abril”, a revolução dos cravos que nos devolveu a liberdade e a esperança. Nesta madrugada que todos há muito esperávamos fez-se luz no caminho desse “dia inicial inteiro e limpo” para que, na palavra de Sophia de Mello Breyner, pudéssemos emergir da noite e do silêncio e, livres, habitarmos “a substância do tempo.” Em liberdade e em democracia plena agradecemos ao Movimento das Forças Armadas e ao povo resistente a libertação das amarras que nos prenderam à noite escura e à longa ditadura. A revolução fez-se com com armas silenciadas que empunharam cravos de liberdade e de esperança distribuídos generosamente por Celeste Martins Caeiro, uma mulher simples, do povo, que marcou eternamente a iconografia desta data memorável. Hoje e sempre saímos à rua de cravo na mão para saudarmos a revolução e todos os que a fizeram em nome de um povo que sofria às mãos da opressão ditatorial, mergulhando-o na fome, na miséria, na guerra, privando-o do futuro. A Celeste Caeiro cumpriu o destino selando a revolução com flores que substituíram as armas. Marcou o tempo. Associou o cravo a um momento muito especial da nossa história colectiva. Esta mulher corajosa e generosa deixou-nos no final do ano passado, aos 91 anos. Infelizmente já não poderá distribuir cravos. Por isso, temos que ser nós e as gerações que virão a distribuir cravos em vez de armas, regando sempre o jardim da democracia para que floresça e seja bela e vigorosa. O 25 de Abril é de todos os democratas que respeitam a liberdade e as ideias e convicções dos outros mesmo que sejam diferentes das suas. A democracia floresce com respeito, tolerância, compreensão e diálogo. Caminha em direção ao futuro alicerçada em princípios e valores. É a eles que nos devemos agarrar para os defender sempre, continuando a distribuir os cravos da Celeste para que a paz das flores fale sempre mais alto que a força das armas. De cravo ao peito construiremos sempre o futuro comum que naquele dia tão especial veio pela madrugada repleto de esperança luminosa.

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