Na vida nada é permanente. Tudo muda de lugar. Tudo se transforma. Tudo é transitório. A única constância é a impermanência que se relaciona intimamente com o tempo, provocando as mudanças necessárias ao nosso crescimento. Nem sempre estamos atentos a esta rotatividade que acontece à nossa volta. Nem sempre aceitamos que a vida é feita de impermanências. E isso causa-nos um desconforto enorme. Gostamos da previsibilidade e de atravessar caminhos tranquilos.
Mas, na verdade, se não mergulharmos nas águas na impermanência não conseguiremos viver a vida como ela deve ser vivida. Se tudo muda e flui a todo o instante nós devemos acompanhar o processo, transformando-nos em quem desejamos ser em cada uma das nossas circunstâncias. A impermanência condiciona-nos na medida em que nos retira o controlo das coisas. Mas ao mesmo tempo liberta-nos para que nos possamos perder e encontrar em diversos momentos da viagem.
Se não sairmos do carreiro não podemos experimentar todas as coisas que os trilhos sinuosos proporcionaram. É justamente aí, nessas geografias de múltiplas latitudes e dificuldades, que nos conhecemos. Aliás, é aí que nos descobrimos. A impermanência desafio-nos a partir para viagens incertas mas repletas de estímulos e impulsos que nos ajudarão a desenhar-nos com maior nitidez e precisão. É por isso que devemos aceitar o devir para podermos partir na esperança de regressar, não ao mesmo lugar, mas ao regaço de nós e no que nos vamos transformando. Como referiu a este propósito o grande Einstein: “Na natureza tudo passa. O traço característico da existência é a impermanência.” Sejamos impermanentes para que a vida não se esgote nas certezas que julgamos ter.