O nosso caminho é um percurso feito de hesitações, avanços e recuos. Forjamo-nos e moldamo-nos nesses movimento que nos acompanharão sempre, até ao nosso dia derradeiro. Quando somos jovens queremos ser adultos rapidamente. Mais tarde, desejamos voltar a ser jovens. Não queremos envelhecer. Procuramos segurar os ponteiros do tempo que avançam sem piedade. Arrependemo-nos de muita coisa que fizemos menos bem, mas sobretudo do que não fizemos, do que deixámos de ousar.
Agora, dizemos para os nossos botões, que já é tarde, para fazermos isto e aquilo. Embora nunca seja tarde para fazermos tudo o que nos possa dar prazer. Ao longo da viagem olhamos sempre para a criança que está dentro de nós. Secretamente, sussurramos ao nosso ouvido para não desistirmos da inocência, da energia e da jovialidade, que sempre alimentarão em nós o sonho das manhãs claras, repletas de esperança. A maturidade vai chegando com a idade. Não por causa dos anos que, felizmente, vamos fazendo, mas sobretudo devido às coisas que nos acontecem. A vida coloca-nos à prova. Faz-nos enfrentar desafios.
Ensina-nos a contornar e a superar obstáculos. Endurece-nos. Amadurece-nos. Entretanto o caminho segue. Sabemos que agora é mais curto. Por isso, vamos aceitando os desígnios da vida com mais tranquilidade. Aceitamos o que não podemos mudar. Compreendemos melhor. A maturidade do homem, como nos disse Friedrich Nietzsche, “consiste em haver reencontrado a seriedade que tinha no jogo quando era criança.” Mas, para chegarmos a esse estádio de compreensão precisamos de percorrer as veredas mais complexas do caminho.
Aprendemos com os erros. Sem eles não seríamos quem somos em cada etapa da viagem. Vamos alcançando a maturidade, usando cada vez mais o silêncio. Deixamos de entrar em tantas tempestades, preservando-nos das intempéries e dos que estão sempre disponíveis para as alimentar. Ficamos mais no nosso canto, na nossa caverna, observando o que nos rodeia, contemplando e interiorizando o silêncio. Quando saímos do abrigo em que voluntariamente nos colocámos vamos, como nos diz Paulo Coelho, segurando, “na mão da criança que há dentro de nós.
Para ela nada é impossível.” E se assim fizermos haverá sempre luz no caminho, mesmo que nos digam que, mais à frente, a chama se extinguirá. Vamos com determinação e esperança, sem desistirmos de todos os sonhos a que temos direito. Tal como a criança, a felicidade está dentro de nós. Não deixemos de dar a mão às duas para que a caminhada seja sempre luminosa, apesar da presença constante das trevas que também nos ajudam a temperar o que deve ser temperado. Entretanto, aceitamos o que vier, procurando, com maturidade, agir em conformidade. Amanhã será sempre amanhã. Por agora conta o tempo de hoje e os momentos que estamos a viver. Vamos ao caminho e ao jogo com a seriedade de uma criança que amadurece como se fosse outono.