Os mestres dizem-nos, com insistência, para observarmos melhor a natureza, a estudarmos o seu comportamento, incentivando-nos a estarmos mais próximos dela. Raramente prestamos atenção ao que dizem, sempre de forma sabia. Andamos tão absorvidos com o nosso “eu” demasiado colado às plataformas tecnológicas que não temos tempo (dizemos nós) para levantar a cabeça e observarmos o que se passa à nossa volta. Colocamos os olhos não chão sem vermos o campo todo e avançamos. Seguimos contra todos os obstáculos que encontrarmos no caminho. Levamos tudo na frente, pelo menos o que pudermos. Queremos avançar e pronto. Os outros importam pouco. A natureza não importa nada. Não está ligada a redes de tecnologia para que possamos clicar freneticamente sem sabermos muito bem porquê e para quê. A nossa cabeça está cheia e cansada. Mas seguimos. Queremos chegar mais à frente. Os obstáculos do caminho são muitos. Irritamo-nos com eles. Irritamo-nos. Lutamos com todas as nossas forças. Ganhamos e perdemos. Mas lutamos, sempre. Desgastamo-nos porque não sabemos escutar os mestres. Um provérbio chinês dá-nos o exemplo da água “que nunca discute com o caminho, nem a montanha com o vento. Encontram o seu percurso e seguem o caminho em harmonia com a natureza. “ Se estivermos mais próximos da natureza podemos aprender com ela e melhorar o nosso desempenho individual e colectivo.
No fundo, podemos ser mais felizes, gerindo melhor o tempo para o consumirmos com o que verdadeiramente importa. A experiência diz-nos que os obstáculos do caminho nos fazem crescer e também que nos tornam mais fortes. Às vezes, agigantamo-nos para enfrentarmos o que temos que enfrentar. Mas, se seguirmos o ensinamento do mestre Alejandro Jodorowsky, percebemos facilmente que “nós não somos. Estamos sendo. Pare de querer ser rocha. Aceite ser rio.” Se assim fizermos aplicaremos a nossa inteligência, seguindo o caminho da água que contorna os obstáculos para chegar ao mar, deixando para trás etapas esplendorosas de luz, harmonia e fraternidade. Sigamos o caminho da água, deixando a nossa vontade de sermos rocha para queremos ser rio, acrescentando leveza e felicidade à nossa vida.